8 de outubro de 2004 - 14:53

Senac formou 5,6 mil alunos pela EAD em quatro anos

O Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) foi criado em 1946 e, desde seu primeiro ano de funcionamento, já investe na chamada educação a distância (EAD). Se no começo eram usadas cartas e o rádio para ensinar quem estava longe de um unidade da rede, hoje um dos principais recursos é a internet. Desde 2000, quando a ferramenta começou a ser empregada nas aulas --e o primeiro curso on-line foi criado--, 5,6 mil pessoas já passaram pelos cursos de EAD da instituição.

"A internet foi inserida nos cursos a distância em 2000, quando criamos uma infra-estrutura adequada, com programas específicos, monitores", explica Rosana Martins, gerente da área de Educação a Distância do Senac São Paulo. Só no primeiro semestre deste ano, mil alunos se formaram no Senac usando a EAD.

Também em 2000 foi concebido o curso Gestão Sustentável do Ecoturismo, primeiro a ser realizado totalmente on-line. No ano seguinte, foram desenvolvidos mais dois novos conteúdos para a internet, também com carga horária de 60 horas-aula (cerca de quatro meses de duração): Qualidade em Prestação de Serviços e Básico em Educação Ambiental.

Atualmente, o Senac oferece 45 cursos a distância, listados aí os híbridos (com parcela presencial) e os ministrados apenas pela web. Nesta última categoria, estão entre as opções especialização em e-business (comércio eletrônico, pela internet), gestão sustentável do ecoturismo, qualidade na prestação de serviços, comércio exterior e educação ambiental.

Divulgação Rosana Martins, gerente de EAD do Senac São Paulo


"Notamos uma procura cada vez maior [pela educação a distância] a cada ano. No Senac, o crescimento médio anual é de 40%", diz Rosana. Apesar de fazer parte de todas as disciplinas, as aulas on-line ainda não estão na liderança dos recursos mais procurados. "Ainda há falta de hábito, de cultura mesmo", explica a gerente.

Segundo Rosana, como o forte da instituição são os cursos técnicos, o público prefere os recursos tradicionais, que podem ser consultados a qualquer momento, por exemplo no ônibus, na volta do trabalho. "O que ocorre é o uso de materiais auxiliares da internet, como apostilas, CDs. Sem contar que grande parte dos cursos possuem parcelas presenciais."

Cursos

De acordo com a duração de cada curso --varia de dois meses a um ano e meio--, os preços também oscilam. Os mais curtos saem cerca de R$ 450; os de média duração (seis meses) custam até R$ 2.280 e, nos de longa duração (um ano e meio), o investimento pode chegar a R$ 4,5 mil.

Como prevê a base da educação a distância, o contato entre professores e alunos se dá por outros meios além da troca de experiência em sala de aula, por exemplo por e-mails, telefone e fax. Quase todos os cursos oferecidos pelo Senac estão disponíveis nos 27 Estados do país, nas mais de 650 unidades da empresa espalhadas pelo território nacional.

Os dois mais procurados mesclam aulas no Senac e exercícios a distância: são os de gestão em administração hospitalar e administração em negócios, com duração de seis meses. Os alunos de ambos, assim como todos os outros ministrados pelo Senac, recebem um diploma ao término dos estudos.

Porém, nem todos esses certificados têm validade oficial, pois não são reconhecidos pelo MEC (Ministério da Educação). "É preciso que se verifique quais os cursos são reconhecidos, caso esse critério seja indispensável para o estudante", afirma Rosana Martins.

O Senac tem, hoje, dois cursos de especialização credenciados, o de Educação Ambiental e o de Educação a Distância, que capacita educadores que desejam se especializar como tutores em programas de educação continuada e corporativa a distância. Por possuírem status de especialização, os dois são mais longos, com 360 horas-aula, cerca de um ano e meio de duração.

Qualidade

Apesar do selo do MEC ser importante na graduação e na pós, um curso não credenciado pode ser de igual qualidade. A partir do momento que o interessado decide estudar a distância, o presidente da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), Frederic Michel Litto, recomenda verificar a reputação da instituição. 'Isso não quer dizer que todos os cursos de instituições conhecidas são bons. Mas, em geral, há controle de qualidade maior'.

Além de analisar a história do instituto que oferece o curso, também é bom conseguir referências com pessoas conhecidas. 'Os cursos [não credenciados pelo MEC] podem ser plenamente aproveitados. O fato de não constarem na relação do ministério só mostra que não são de graduação ou pós latu sensu', afirma Litto. Ele cita como exemplo as aulas do Senac, Senai e Sebrae.

História

A educação a distância existe há cerca de 150 anos, quando agricultores europeus aprendiam técnicas de plantio por meio de cartas. No Brasil, a modalidade começou a ganhar corpo no início do século passado, também por correspondência.

Mas foi só por volta de 1947, com a utilização do rádio, importante meio de comunicação de massa, que milhares de pessoas passaram a usufruir do benefício efetivamente. E o Senac é um dos pioneiros tanto no uso do rádio para ensinar, como no investimento em ensino a distância no país.

Em 1947, o Senac, junto com o Sesc e com a colaboração de emissoras associadas, criou a Universidade do Ar, em São Paulo. O objetivo era oferecer cursos comerciais radiofônicos. Desde então, implantou-se aulas por meio de apostilas, fitas de vídeo, CD-Room e, mais recentemente, pela internet.

"Estima-se que, em 58 anos, mais de 400 mil pessoas já tenham usufruído da EAD através do Senac", afirma Rosana Martins, gerente da área de Educação a Distância do Senac São Paulo. O número é significativo, mas ainda está longe dos 40 milhões de pessoas beneficiadas pelos cursos tradicionais. A cada ano, são cerca de 1,7 milhão de matrículas nas aulas presenciais.
 
 
 
Folha Online