6 de outubro de 2004 - 14:39

Saddam não tinha nem fazia armas proibidas

Minando o raciocínio utilizado pela administração Bush para invadir o Iraque, o relatório final do principal inspetor de armas dos Estados Unidos conclui que Saddam Hussein não estava empenhado num programa para desenvolver armas de destruição em massa, mesmo após a partida dos inspetores internacionais, em 1998. O conteúdo do relatório foi comentado por parlamentares americanos e outros funcionários informados sobre o texto.

Em versões preliminares do trabalho, o inspetor de armas Charles Duefler concluía que o Iraque de Saddam não possuía estoques de armas proibidas, mas informava haver sinais de programas desativados que poderiam voltar a atuar se a pressão internacional sobre o Iraque arrefecesse. Duefler está apresentando seu relatório a senadores americanos nesta tarde. A equipe do inspetor de armas compilou um texto de 1.500 páginas depois que o inspetor anterior, David Kay, se demitiu em dezembro, afirmando não haver encontrado armas.

O senador Pat Roberts disse que Duefler descreve a capacidade iraquiana de produzir armas de destruição em massa como "degradada" a partir de 1998.

O relatório é inconclusivo sobre o que teria acontecido com os estoques de armas do início dos anos 90, que podem ter sido destruídas ou transferidas para a Síria, disse Roberts, que é do Partido Republicano, de Bush. A incapacidade do governo iraquiano de explicar o destino das armas para a ONU, ao mesmo tempo em que os inspetores não conseguiam encontrá-las, foi uma das principais fontes de desconfiança da comunidade internacional no período que antecedeu a guerra.

Um senador do Partido Democrata, na oposição, Dick Durbin, disse que o presidente George W. Bush "criou um caso de pior cenário possível com base em virtualmente nenhuma prova". Já o governo dos EUA insiste que Saddam era uma ameaça. "Sabíamos que o ditador tinha uma história de uso de armas de destruição em massa, um longo histórico de ódio e agressão contra os EUA", disse Bush, em um discurso de campanha.

 

 

Estadão