4 de outubro de 2004 - 17:38

Alca só volta ao debate após eleição nos EUA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje que acredita que o Brasil deve apenas esperar as eleições presidenciais dos Estados Unidos para retomar as negociações na Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Ele considerou o processo de negociação do Mercosul com a União Européia (UE) um aprendizado para futuras negociações. “O processo com a UE nos permitiu ver muitas coisas que não tínhamos visto, que os negociadores não tinham visto em detalhes. Hoje, temos mais clareza do modo como podemos ter uma negociação mais produtiva”, revelou.

Amorim enfatizou que não se pode tentar “invadir o terreno" da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas que é fundamental uma negociação "quatro mais um", ou seja, do Mercosul com os Estados Unidos. “Na realidade, é muito bonito a gente pensar em 34 países do hemisfério. Depois, a gente pode compor isso de alguma maneira. Mas há de se reconhecer que há diferenças de tamanho e situação em relação às negociações com os Estados Unidos e estas diferenças tornam as coisas mais difíceis”, afirmou. “Temos que avançar nessa negociação ‘quatro mais um’ como fizemos com a União Européia, embora não tenhamos chegado a uma conclusão”.

O ministro também ressaltou a importância da integração da América do Sul, que para ele "é inevitável". “Nós não teremos um país tranqüilo se não tivermos uma região tranqüila. A integração ocorrerá por bem ou por mal. Ou ocorrerá pelo contrabando, pelo narcotráfico e pela guerrilha. Ou ocorrerá pelo comércio, pela tecnologia e pelo investimento. Melhor que seja da segunda maneira”.

Amorim destacou que, para os Estados Unidos, tudo que está abaixo de seu território é “south America” e, se houvesse uma crise brutal na Argentina, certamente o Risco Brasil subiria. “Por isso é importante que vá bem a economia da Argentina”, exemplificou, para destacar a importância da união da América do Sul.
 
Agência Brasil