Bush e Kerry farão primeiro debate na quinta
Em uma das mais disputadas eleições da história recente dos EUA, ambas as equipes de campanha fazem o possível para que, nessa "vitrine" que costumam ser os debates, seus candidatos tenham bom desempenho ou pelo menos não se equivoquem. Desde o primeiro debate na televisão em 1960 -houve uma interrupção até 1976 - os candidatos aproveitam essa oportunidade para dirigir-se aos eleitores sem o filtro de suas campanhas.
Enquanto as pesquisas apontam um empate estatístico entre Bush e Kerry, ambos reconhecem que os pequenos detalhes, no final, poderiam fazer a diferença. Kerry, atacado pelos republicanos como um líder indeciso e frouxo com o terrorismo, terá a oportunidade para convencer o eleitorado que ele é a melhor opção como presidente. O desafio de Kerry será obrigar a Bush detalhar seus projetos, enquanto o governante norte-americano mostrará sua mensagem única, segundo os observadores.
Segundo a última pesquisa da revista Time divulgada na sexta-feira, mais de um terço dos eleitores pretende ver os três debates e 55% opinam, da mesma forma que Kerry, que a situação no Iraque está piorando. A previsão é que a audiência televisiva do primeiro debate, nesta quinta-feira na Universidade de Miami, seja de milhões de pessoas, por isso cada gesto e resposta será alvo de análise.
O primeiro debate abordará unicamente assuntos de política externa e de segurança nacional -incluindo o pós-guerra no Iraque-, temas que a equipe de campanha de Bush considera como seu ponto mais forte. De seu rancho em Crawford (Texas), Bush teve a ajuda do senador republicano Judd Gregg, que fez como se fosse Kerry em diversos "testes", segundo assinalou a Casa Branca.
Em 2000, Gregg já fez o papel do vice-presidente Al Gore. Bush estudou vários vídeos das linhas de ataque mais comuns de Kerry, e em diversas simulações de debate seus assessores vigiam a rapidez e eficácia de suas respostas.
Kerry, por sua vez, escolheu o centro turístico "House on the Rock Resort", em Wisconsin, apoiado por membros de sua equipe, para preparar-se. "(Kerry) é uma das figuras públicas que melhor sabe se expressar... e nos debates será muito dinâmico, porque se trata de um assunto decisivo", disse ontem o ex-governador democrata de Massachusetts William Weld em um programa da rede Fox.
No mesmo programa, o democrata Garry Mauro, ex-candidato a governador do Texas em 1999, vaticinou que Bush "usará as mesmas frases, as mesmas linhas de ataque", por isso "não haverá surpresas". Ambas as equipes de campanha ensaiaram até o último detalhe a seqüência e movimentos dos três debates presidenciais, desde a temperatura dos salões até a distância do atril, o uso de maquiagem e de canetas, e o limite de tempo para cada resposta.
Bush e Kerry terão que limitar-se às estritas condições estipuladas, em um documento de 32 páginas, por suas equipes de campanha e pela Comissão sobre Debates Presidenciais. Lembrando os debates de 2000, nos quais Gore recebeu críticas por suas respostas, a maioria dos analistas acredita que esses encontros, embora deixam frases memoráveis, só servem para consolidar o desconfiança dos eleitores.
A polarização do país em torno da guerra no Iraque ou o rumo da economia, e o reduzido número de eleitores indecisos, testarão os candidatos e também a eficácia desses debates.
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