24 de setembro de 2004 - 08:13

Plantio de algodão pode ter queda no Mato Grosso

O Mato Grosso pode ter a área plantada de algodão reduzida na safra 2004/05, isso em função da expectativa de superoferta da fibra no mercado internacional proveniente da safra americana e chinesa (os maiores produtores).

Na safra 2003/2004 o Estado cultivou 400 mil hectares de algodão, que resultou em 580 mil toneladas de pluma, 46% do total produzido no Brasil. "O cenário mundial ainda é de incertezas, apenas que os Estados Unidos e a China vão abastecer o mercado internacional com suas produções recordes", observou o presidente da Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão), João Luís Ribas Pessa.

A situação externa tem impacto direto na produção de Mato Grosso porque o Estado responde por 70% de toda produção brasileira que vai para fora.

A perspectiva era de abastecer outros mercados com 350 mil toneladas de pluma, equivalente a 61% da produção mato-grossense.

"Estamos revendo esses cálculos. Na próxima safra, a melhor das hipóteses é o produtor manter a mesma área cultivada, mas se a quantidade ofertada no mercado internacional continuar alta, a tendência é a redução", assinalou Pessa.

As exportações estaduais de algodão desde 2002 vêm registrando crescimento gradativo. Em 2002 foram exportadas 80 mil toneladas, em 2003, 140 mil toneladas.

Além disso, outro inibidor do apetite de ampliar a produção mato-grossense é o alto custo de produção. Segundo Pessa, os defensivos agrícolas elevaram os preços em até 40%.

Os produtos químicos representam 65% dos custos do cultivo, porque a cultura de algodão requer pelo menos 15 aplicações por lavoura.

"Não apenas isso, o frete encareceu, que pesa muito para os produtores de Mato Grosso devido à distância dos mercados consumidores", complementou o presidente da Ampa.

Cotações

De acordo com o analista de mercado Daniel Garcia de Carvalho, com o excesso da fibra no mercado internacional a tendência é os preços caírem, como está ocorrendo.

As cotações na Bolsa de Nova York - que regula os contratos - vêm registrado em média US$ 0,49 por libra peso (lp), ou R$ 1,48/lp. "Esse valor não é interessante para o produtor, que tem um custo altíssimo com a lavoura", observou.

Para Carvalho, antes de definir o plantio da nova safra o cotonicultor de Mato Grosso precisa analisar as conjunturas dos mercados internacionais para não ter prejuízos. O Estado ainda mantém o preço da arroba do algodão em pluma maior que a média brasileira.

A arroba comercializada em Rondonópolis está a R$ 57,5, a média do Brasil é R$ 42,86.
 
 
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