5 de setembro de 2007 - 16:49

Transgênicos ganharão mais espaço no Brasil, diz Monsanto

O plantio de soja e algodão transgênicos no Brasil deverá ter um crescimento expressivo na safra 2007/08, previu nesta quarta-feira a multinacional Monsanto, única empresa que detém autorização para vender a tecnologia de grãos geneticamente modificados (GM) no país.

A norte-americana Monsanto estima que a semeadura de soja transgênica cresceria de 51 por cento da área plantada em 06/07 para 60 por cento do plantio em 07/08.

Em 06/07, o Brasil semeou, segundo dados do governo, 20,6 milhões de hectares de soja, dos quais pouco mais da metade geneticamente modificados.

Considerando que a área plantada cresça 5 por cento em 07/08, como apontou uma projeção do Ministério da Agricultura na terça-feira, o Brasil plantaria neste ano cerca de 13 milhões de hectares com soja transgênica Roundup Ready, cujo gene proporciona resistência ao herbicida glifosato.

"Este ano a área plantada (com soja transgênica) vai crescer 10 pontos percentuais em relação ao ano passado", disse nesta quarta-feira o presidente da Monsanto no Brasil, Alfonso Alba, durante o anúncio de uma nova tecnologia da empresa para o Brasil [ID:nN05213521].

Para o algodão Bollgard, com tecnolgia Bt resistente a insetos, a Monsanto prevê que a área plantada com o transgênico "quase dobre" este ano, para 23 por cento da superfície semeada, contra 12 por cento em 06/07, quando o plantio atingiu 1,06 milhão de hectares.

No caso da soja, Alba citou ainda previsões mais otimistas, como a da consultoria Céleres, que prevê um crescimento de área transgênica de 58 para 68 por cento do total semeado.

Na safra 05/06, a área com grão alterado foi de cerca de 9,5 milhões de hectares, e na temporada 06/07, de 11,4 milhões de hectares, segundo a instituição internacional que pesquisa transgênicos ISAAA.

Segundo o presidente da Monsanto, o crescimento ano após ano das lavouras transgênicas no Brasil é prova de que a tecnologia reduz custos e apresenta bons resultados em termos de produtividade.

QUESTIONAMENTOS, ROYALTIES

Questionado sobre informações do governo do Paraná que indicam redução da intenção de plantio no Estado, em função de resultados inferiores aos esperados, o executivo afirmou que isso pode ter ocorrido porque produtores semearam as variedades em momentos não indicados.

De qualquer forma, a Monsanto acredita que não haverá redução de área transgênica no Paraná. "O que pode haver é um crescimento menor."

O presidente da Monsanto também foi indagado se o aumento de custos com o glifosato poderia reduzir a intenção de plantio, o que ele negou. "Os custos do glifosato representam apenas 3 por cento da lavoura. O que aconteceu é que os preços caíram muito (com a crise agrícola) no ano passado. Agora voltaram ao patamar de dois anos atrás."

Ele explicou que há um aumento da demanda mundial por glifosato, o que tem provocado a alta. O dirigente afirmou ainda que a empresa mantém os preços de 2005 apesar da inflação do período e da alta de custos da empresa.

A Monsanto informou que manterá para 07/08 em 30 centavos de reais por quilo de semente os royalties pagos pela semente de soja certificada, mesmo valor da safra 06/07.

O sistema indenizatório para sementes "salvas" por produtores, que pagam 2 por cento do valor da saca (60 kg) na venda do grão, também será mantido.

No entanto, a Monsanto avalia que o sistema de indenização paga pelos produtores que não usam sementes certificadas --que hoje ainda domina o esquema de pagamento pelo uso da tecnologia-- tende a perder espaço para o de royalties. "O pagamento do royalty é 50 por cento mais barato", explicou.