31 de agosto de 2007 - 16:12

Dólar fecha agosto com maior alta mensal em 15 meses

O dólar caiu 0,61% nesta sexta-feira, influenciado pela força das bolsas de valores nos Estados Unidos e no Brasil. A queda não evitou, porém, que a moeda norte-americana fechasse o mês de agosto com a maior valorização mensal em mais de 1 ano.

O dólar encerrou a R$ 1,963 um mês de grande volatilidade com a turbulência nos mercados internacionais. Após abrir o mês abaixo de R$ 1,90, a divisa chegou a zerar toda a queda acumulada no ano, acima de R$ 2,10, para então ceder e encerrar agosto com alta de 4,25% - a maior desde maio de 2006.

"A tônica do mês, na verdade, nem foi a alta, mas o mercado com muita volatilidade", disse Jorge Knauer, gerente de câmbio do Banco Prosper, no Rio de Janeiro.

Nesta sessão, o dólar acompanhou a reação positiva dos mercados internacionais às falas do chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, e do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

As duas autoridades afirmaram, em discursos separados, que os especuladores que sofrem atualmente com as perdas associadas ao crédito imobiliário de alto risco - origem da turbulência nos mercados - não serão premiados com socorro do governo.

Bernanke acabou não confirmando, porém, as expectativas mais otimistas do mercado, deixando de sinalizar um eventual corte da taxa básica de juro nos Estados Unidos. Mesmo assim, Renato Schoemberger, operador da Alpes Corretora, disse que a repercussão da fala de Bernanke foi positiva.

"A interpretação do mercado foi de que eles estão dispostos a agir a qualquer momento", disse, acrescentando que a reação não foi imediatamente sentida após a fala do chairman.

Cautela e pouca liquidez
Apesar do otimismo no exterior, a queda do dólar não teve a mesma intensidade dos movimentos vistos nas bolsas de valores. Para Schoemberger, uma operação de saída realizada por uma grande empresa nacional tirou um pouco de liquidez do mercado.

A falta de energia contaminou a disputa pela formação da última Ptax (taxa média do dólar) do mês. Segundo Knauer, a postura cautelosa das últimas semanas também contribuiu para a relativa calmaria em meio à tradicional disputa.

A taxa da última sessão do mês é usada para liquidação dos contratos futuros em vencimento, o que provoca uma queda-de-braço entre os comprados - que apostam em alta do dólar - e os vendidos - que apostam na queda.

De acordo com dados da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os investidores não-residentes no País - entre os quais os estrangeiros - têm as maiores apostas na alta do dólar, com mais de US$ 10 bilhões em posições compradas líquidas. Já os bancos e os investidores institucionais brasileiros estão com posições vendidas no mercado futuro de dólar da bolsa.

Para Schoemberger, "ninguém saiu muito prejudicado."

"O pessoal que estava comprado lá naqueles níveis de antes da crise ganhou uma grana, mas também não foram os 2,10 (reais) que chegou a bater no mercado. Ficou no meio do caminho, e isso é saudável para o mercado de câmbio", comentou.

Setembro
Os analistas avaliam que, após o pico da turbulência na metade do mês, a pressão de alta sobre o dólar deve diminuir e a moeda norte-americana deve ceder mais no próximo.

Isso só ocorrerá, porém, na ausência de surpresas negativas no setor de crédito de alto risco dos Estados Unidos.

"O mercado tem uma tendência de baixa... por causa do próprio fluxo mesmo", disse Schoemberger. "A bolsa de valores (Bovespa) já está se consolidando lá em cima de novo... O mercado tem um potencial para o otimismo, se você não tiver nenhum desvio ou grande surpresa", avaliou.

Na opinião de Marcos Forgione, analista da Hencorp Commcor Corretora, "o mercado está pressionando, está querendo realmente sair dessa crise... Eu acredito que o dólar vá começar a se ajustar para os patamares de antes". Em meados de julho, o dólar chegou a cair abaixo de R$ 1,85.

 

 

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