31 de agosto de 2007 - 09:55

Médicos pedem reajuste de 350% no Ceará

Os médicos conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Ceará querem um reajuste de 350% no preço de cada procedimento para voltar ao trabalho. O cirurgião cardiovascular Haroldo Brasil Barroso, representante do movimento de paralisação dos médicos no Ceará, disse ao G1 que o percentual equivale à defasagem da tabela do SUS em relação ao valor estabelecido pela tabela da Associação Médica Brasileira (AMB).
As reivindicações dos médicos são: o reajuste no preço dos procedimentos da tabela do SUS e o pagamento direto dos valores nas contas dos médicos. Segundo Barroso, a solicitação de mudança no pagamento foi parcialmente atendida. O dinheiro será repassado a uma cooperativa e entregue então aos médicos, que antes recebiam dos hospitais.
A categoria pretende se reunir nesta sexta-feira (31), às 17h30, para decidir se retorna ao trabalho. “Não temos perspectivas e não há nada de concreto. A tabela do SUS não tem reajuste há 12 anos. O estado está acostumado a pagar tão pouco para um médico que quando há uma tabela mais justa, acha caro”, afirma Barroso. “Se estivéssemos pedindo o que um juiz ou um deputado ganha, até entenderíamos tanta resistência.”
Em alguns procedimentos, os membros da equipe recebem R$ 75 por hora. “É um valor irrisório. Alguns cirurgiões auxiliares recebem apenas R$ 10 e um cirurgião principal, R$ 350. Então, somamos o que toda a equipe ganha e dividimos entre os médicos”, diz. “Se é ruim passar seis horas operando para ganhar R$ 350,00, imagine ganhar R$ 10. É absurdo, pois cuidamos de vidas.”
Segundo o médico, o encontro realizado na quarta-feira (29), em Brasília, entre representantes dos médicos, do Ministério da Saúde e das secretarias do Ceará e de Fortaleza não foi produtivo. “Tivemos promessas de melhoria, mas de concreto mesmo não há nada. Não houve assinatura de nenhum documento”, diz Barroso.
Barroso afirma que os médicos não são contratados do estado e, até por isso, têm o direito de não operar. “Somos 35 médicos que fazem 50 operações por mês. Não queremos que a paralisação afete a população, mas estamos insatisfeitos”, diz. “O impacto financeiro para o estado vai ser muito pequeno se tivermos o aumento.”
 
 Aumento da verba para a Saúde
O secretário-executivo da Secretaria Estadual da Saúde, Arruda Bastos, afirma que o reajuste na tabela do SUS é uma decisão que cabe ao governo federal. “O Ministério da Saúde pretende fazer um reajuste em 4 mil procedimentos. Talvez não alcance o valor da tabela da AMB, mas o valor será revisto”, diz. Segundo Bastos, não há previsão de quando o reajuste dos valores vai acontecer.
O secretário afirmou que o Ceará passará a receber já em agosto R$ 3,8 milhões a mais na verba mensal de R$ 91 milhões liberada pelo Ministério da Saúde. “Com o aumento, o valor per capita no SUS para o Ceará é de R$ 81”, diz Bastos. “Há uma inversão de valores, já que estados mais ricos do Sudeste recebem até o dobro desse valor. Um percentual de 91% da nossa população depende da saúde pública.”
 
 
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