21 de agosto de 2007 - 11:02

Diap mostra mapa da fidelidade nas votações no Congresso

 

Com base em dados do "sistema de gestão de informação" desenvolvido pelo técnico Francisco da Silva Cardozo, do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), o comportamento dos partidos em relação aos interesses governamentais em todas as votações nominais na Câmara e no Senado no primeiro semestre deste ano foi analisado, tendo como parâmetro a orientação de voto do líder do governo no Congresso Nacional.

O levantamento, divulgado nesta terça-feira (dia 21) pelo portal Congresso em Foco, incluiu todas as votações nominais havidas na Câmara, 101, e no Senado, 12, no primeiro semestre de 2007 (de 2 de fevereiro a 16 de julho) e considerou requerimentos (pedidos de adiamento, de retirada de pauta e de inversão de ordem, entre outros) e mérito de matérias, proposições e destaques (de partes do texto ou emenda), conforme segue.

Índice de adesão ao governo em %:

Partido Câmara (101 votações) Senado (12 votações)

PT         88,12                              91,67

PCdoB  80,20                              91,67

PMDB  80,20                               83,33

PDT      80,20                               66,67

PSB      79,21                                75,00

PP         77,23                                83,33

PTB      77,23                                66,67

PMN    74,26                                 -

PR        72,28                                 83,33

PV        71,29                                 -

PTdoB  67,33                                 -

PSC      66,34                                 -

PRB      64,36                                 41,67

PHS      58,42                                 -

Psol       54,46                                33,33

PTC (ex-PRN) 40,59                      -

PAN     67,80                                 -

PPS      35,64                                  -

PSDB   34,65                                 58,33

DEM    25,74                                  58,33

De acordo com o levantamento, a situação do governo é confortável nas duas Casas do Congresso. Na Câmara, com exceção do PTC, do PPS, do PSDB e do DEM, a média de votações com orientação partidária coincidindo com a recomendação do líder do governo é superior a 50%.

Até o Psol, que faz oposição pela esquerda, apoiou o governo em 54,46% das votações. Entre os partidos da base, o PT é o mais fiel, com 88,12% de adesão, e o menos fiel foi o PHS, com 58,42%.

No Senado, onde a oposição não passa de mito, o resultado é bem melhor. Apenas o PRB e o Psol, com um senador cada, votaram em mais de 50% das vezes contra o governo.

Até o DEM e o PSDB votaram de acordo com a orientação do líder do governo em 58,33% das vezes.

PT e PCdoB são os partidos mais fiéis no Senado e os menos fiéis são o PTB e o PDT, com 66,67% de adesão.

Os principais partidos de oposição, DEM (ex-PFL) e PSDB, têm comportamentos distintos nas duas Casas do Congresso.

Na Câmara fazem oposição no discurso e no voto, enquanto no Senado a oposição se limita ao discurso, já que o voto, em quase 60% dos casos, coincide com a orientação governamental.

Na Câmara, o DEM (74,25%) é mais oposição que o PDSB (65,35%). Já no Senado ambos votaram contra o governo somente em 41,67% das votações nominais havidas no primeiro semestre.

Um dado chama atenção pelo inusitado da situação. O DEM, quando ainda chamava-se PFL, foi mais governista que partidos da base, votando em 87,5% a favor dos pleitos governamentais. Como DEM, entretanto, passou a votar 100% contra o governo no Senado.

Já na Câmara, o processo foi inverso. Como PFL era oposição radical, votando 90,91% das vezes contra o governo, mas como DEM moderou a oposição, votando contra apenas 54,35%.

Talvez a coincidência de orientação com os partidos da base em relação à reforma política justifique essa mudança de postura na Câmara.

A conclusão a que se chega, com base neste levantamento do primeiro semestre de 2007, que incluiu todas as votações nominais, tanto de mérito quanto de manobras e obstruções (como requerimentos de adiamento, inversão e retirada de pauta), é que o Congresso é mais dócil em relação ao governo do que apresentam os órgãos de imprensa.

 

 

Folha Online