27 de julho de 2007 - 16:17

Produtores de Corumbá aprendem métodos de produção de silagem

Pequenos produtores rurais de Corumbá estão participando de um curso para produção de silagem, uma alternativa para garantir alimento ao gado durante o período de seca. Os trabalhos começaram nesta sexta-feira (27), no Tamarineiro II, durante uma demonstração de técnicos da Secretaria Executiva de Desenvolvimento Agropecuário, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Sustentável.

A demonstração aconteceu no lote 265, de José Rozendo. Segundo o gerente de Fomento da secretaria executiva, Juraci Aparecido Alves, a técnica é importante para evitar a perda de peso do rebanho na região pantaneira, que chega a 80% na época de seca, o que acaba prejudicando a produção leiteira.

Juraci, que estava acompanhado do engenheiro agrônomo Sérgio Horita Fumio, também especialista em produção de silagem, e do técnico Miroslav de Carvalho Temeljkovitch Horita, lembrou de fato ocorrido dois anos atrás, quando, durante a seca, por falta de alimentação, principalmente, houve mortandade de gado na zona rural de Corumbá. “É isto que estamos tentando evitar, oferecendo alternativas para os produtores garantirem alimento para o rebanho bovino nesta época de estiagem”, diz.

Juraci lembra que a reprodução e a produção de leite também são afetadas, já que os animais só entram no cio e produzem leite com adequada disponibilidade de forragem, o que acaba afetando também à desmama dos bezerros.

Para tentar solucionar ou pelo menos minimizar o problema, o pecuarista pode adotar inúmeras estratégias, cada uma apropriada às condições do sistema de produção utilizado na propriedade. No caso de Corumbá, uma alternativa é o método adotado hoje, uma capacitação que reúne os trabalhadores. “Temos que aproveitar ao máximo a folhagem e os talos existentes na propriedade, como cana-de-açúcar, rama de mandioca e outros tipos de leguminosas ricas em proteína, como é o caso da leocena. Há também o napier, um capim facilmente encontrado na região”, diz Juraci. Ele explica que tudo isso é uma alternativa de alimento não só para bovinos, mas também para eqüinos, caprinos e ovinos.

O método, segundo ele, não é complicado. O primeiro passo é o corte de toda a folhagem e talos, com ajuda de um trator com uma ensiladeira que despeja todo o material em uma carreta. Após isto, toda folhagem e talos são despejados ao solo para compactação e cobertura com lona. “Todo o material fica em fermentação, durante 30 dias. Após o prazo, pode ser utilizado como alimento para o gado e outros animais da propriedade", afirma o gerente.

Parceria – O método está sendo desenvolvido em parceria. A Prefeitura, conforme explicou Juraci, disponibiliza máquinas, equipamentos, lona, além de combustível. Os produtores são responsáveis pela formação dos grupos e pela mão-de-obra. A idéia é fomentar o método e, ao mesmo tempo, fazer com que os pequenos produtores se organizem para a produção de silagem, forma considerada mais prática de se estocar forragem para época de escassez. E isto pode ocorrer no próprio pasto.

A ensilagem é uma técnica que consiste em preservar forragens por meio de fermentação anaeróbica, após corte, picagem, compactação e vedação em silos. O produto final dessa fermentação, denominado silagem, é obtido pela ação de microrganismos sobre os açúcares presentes nas plantas com a produção de ácidos, resultando em queda do pH até valores próximos de 4. A prática tem sido cada vez mais comum na produção de gado de corte, principalmente em regiões com exploração pecuária mais tecnificada.

Algumas vantagens do uso da silagem são a produção entre 30% e 50% maior de nutrientes em comparação à produção de grãos; manutenção do valor nutritivo, quando ensilado adequadamente; liberação de área mais cedo, para uso de safrinha ou formação de pastagem. A técnica também requer menos espaço de armazenagem, por unidade de matéria seca, do que a fenação.