27 de julho de 2007 - 15:48

Preço pago ao produtor de leite sobe pelo quinto mês consecutivo

Pelo quinto mês consecutivo, os preços do leite pagos ao produtores subiram no país. Em julho, os pecuaristas receberam, em média, R$ 0,66 pelo litro de leite entregue no mês anterior, mostra levantamento da Scot Consultoria. A alta em relação a junho é de 9,3%. Sobre julho de 2006, quando o produtor recebeu, em média, R$ 0,471 por litro, a valorização já alcança 41,4%, segundo a pesquisa. 

A menor oferta de leite - em consequência do período de entressafra no Brasil - e o quadro de preços firmes no mercado internacional, também devido à oferta restrita e à demanda forte, continuam a sustentar a alta. 
 
De acordo com Cristiane de Paula Turco, analista da Scot, apesar de os pecuaristas estarem fornecendo alimentos para o gado para compensar a falta de pasto da entressafra, isso ainda não está se refletindo na produção de leite. 

A percepção, afirma ela, é que o pecuarista pode estar receoso em ampliar muito a produção de leite e derrubar os preços novamente. Além disso, acrescenta, o aumento dos custos dos alimentos utilizados no volumoso também pode ser um inibidor. 

Conforme a analista, o farelo de soja, por exemplo, tem preço de R$ 480 por tonelada atualmente contra R$ 430 em igual mês de 2006. A uréia também subiu, no período, de R$ 770 por tonelada para R$ 880, e o caroço de algodão, de R$ 280 para R$ 320 por tonelada. 

O levantamento da Scot mostra que entre as principais bacias leiteiras do Brasil, o maior preço médio foi registrado em São Paulo, onde os produtores receberam R$ 0,702 por litro neste mês de julho. O valor é 9,34% superior ao do mesmo mês do ano passado. 

No mercado spot de leite - em que o produto é comercializado entre as próprias indústrias - , o preço médio em Minas Gerais foi de R$ 0,95, alta de R$ 0,11 (13,1%) sobre o mês anterior. Segundo Cristiane Turco, não há muita negociação nesse mercado já que "não há leite para comprar". 

Para a analista, os preços pagos aos produtores devem ter uma "pequena queda" em outubro e novembro, com o período de chuvas. Mas ela não acredita que o mercado vá despencar. 

De qualquer forma, afirma, o comportamento dos preços ao produtor nos próximos meses vai depender do desempenho das exportações brasileiras de lácteos e no mercado doméstico. De acordo com ela, algumas indústrias já indicam haver "pequena freada" das vendas de leite no atacado, reflexo da alta dos preços dos produtos finais. 

No mercado internacional, o leite em pó continua em alta na Europa, segundo acompanhamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), citado pela Scot. O último levantamento disponível mostra que a tonelada está sendo negociada entre US$ 5.200 e US$ 5.500 por tonelada. Em igual período de 2006, estava entre US$ 2.150 e US$ 2.250. 

A valorização externa melhorou a receita com as exportações brasileiras, que atingiram US$ 80,566 milhões até junho, ante US$ 73,261 milhões no primeiro semestre do ano passado.

 

 

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