21 de julho de 2007 - 11:00

Delcídio pode deixar PT se não vencer eleições internas do partido

As eleições internas do PT ainda não foram marcadas. Há um impasse de datas na direção nacional do partido. Os petistas não sabem se é melhor fazer o PED (Processo de Eleição Direta) antes ou depois das eleições municipais de 2008. Apesar disso, seja qual for a data, ela pode ser o ponto de partida para uma mudança no cenário Político de Mato Grosso do Sul.

O senador Delcídio do Amaral (PT), detentor hoje do mais alto cargo na República entre os petistas estaduais, continua pensando em deixar o partido caso não vença as eleições internas. Assumir a informação oficialmente para ele, neste momento, seria suicídio político, pois perderia apoio dentro do próprio PT. Por isso, o senador mantém a cautela e conversa sobre o assunto somente entre amigos. No entanto, o Midiamax apurou: o senador está decidido e o destino seria o PSDB.

Uma das frases proferidas pelo petista nos últimos dias revela que a paciência com o PT está no limite. “Estou de saco cheio do PT”, teria dito em conversas informais. O problema não é o partido, segundo ele, mas a inoperância do governo Lula, o excesso de discussões inúteis em MS e a desestruturação do partido.

Apesar de não assumir a intenção de deixar o partido, o senador deixa bem claro quais são os motivos para uma possível partida. Na opinião dele, o PT está desorganizado e desunido. Cada um dos petistas que compuseram o governo Zeca do PT, neste momento, preocupa-se mais em cuidar da própria vida do que com a reestruturação partidária. O senador avalia: quem não tem estrutura não vence eleição.

Delcídio também está magoado com o comportamento da bancada estadual. Na avaliação dele, os deputados estaduais seriam os principais interlocutores com os municípios nas próximas eleições. No entanto, os parlamentares fizeram apenas duas reuniões sobre o tema – segundo o próprio líder do PT na Assembléia Legislativa, Pedro Kemp. Pouco avalia o senador, para quem está às vésperas de um ano de eleição. “Eles me disseram que procurariam a bancada federal, mas não procuraram ninguém”, disse o senador está semana.

O senador tem exposto a insatisfação com o PT discretamente. Um exemplo disso é quando fala da crise aérea. Em suas entrevistas, Delcídio faz duras críticas ao governo Lula, apontando omissão e falta de investimentos na infra-estrutura dos aeroportos. Para ele, o presidente da República está se omitindo. Demorou a trocar o ministro da Defesa, Walfrido dos Mares Guia, e, na avaliação do senador, agora não pode mais trocá-lo. Ensaiou trocar o presidente da Infraero, mas não teve coragem para fazê-lo.

Neste ponto, Delcídio se aproxima do PSDB, que mantém críticas ao governo Lula na mesma linha. A afinidade com os tucanos é antiga. Em 2006 ele foi convidado para integrar o ninho tucano. Não foi. Na época Waldir Neves e Marisa Serrano articularam contra a idéia. A situação agora mudou. Em 2007, o próprio Neves já fez o convite.

Zeca do PT

Nas últimas eleições internas do PT, Delcídio foi derrotado pelo ex-governador Zeca do PT. Ambos disputaram o cargo por meio de entrepostos. Saulo Monteiro defendia Delcídio e Mariano Cabreira recebeu apoio de Zeca. A disputa entre o senador e o ex-governador acirrou-se após o fim do governo. Atualmente, eles sequer se falam.

A derrota no PED colocaria Delcídio em situação ruim, pois prejudicaria o projeto político do senador: candidatar-se à reeleição em 2010 e ao governo em 2014. As eleições internas serão o termômetro. Se for derrotado, Delcídio não tem apoio do partido para o projeto e a saída é inevitável. Zeca ficaria livre para disputar o Senado em 2010.