12 de julho de 2007 - 07:40

Dona de clínica de aborto é presa em Terenos

A anestesiologista Neide Mota Machado, denunciada por crimes de prática e apologia ao aborto e formação de quadrilha, foi presa na noite de ontem, por volta das 21h30. A médica foi encontrada em uma chácara de Terenos, em companhia de uma delegada aposentada e foi levada para a sede da Unidade de Combate ao Crime Organizado (Unicoc) para prestar depoimento.

Neide Mota é proprietária da Clínica de Planejamento Familiar e foi denunciada em reportagem da TV Morena por manter há vinte anos, uma clínica de aborto em Campo Grande. A divulgação do caso resultou na denúncia à Justiça da médica e mais 34 pessoas.

Segundo o delegado da Unicoc, André Pacheco, policiais da unidade em parceria com equipe do Grupo Armado de Repressão a Assaltos, Roubos e Seqüestros (Garras) receberam informações de que a médica estaria escondida em uma chácara em Terenos.

Os policiais ficaram de vigília no local e viram um veículo Fox Preto coberto com uma lona. A placa do carro foi checada e foi constatado que era de propriedade da médica. Com base nesta informação, os policiais invadiram a chácara e flagraram Neide Mota.

A anestesiologista Neide Mota Machado, que estava foragida desde o dia 24 de abril. A Polícia Civil abriu inquérito contra a médica por apologia ao aborto e fez uma varredura na clínica, recolhendo documentos e equipamentos. Entre os materiais apreendidos no local, consta uma espingarda calibre 12, munições de diversos calibres - destas, uma de uso restrito das Forças Armadas -, uma caixa de Cytotec (medicamento que tem a venda proibida no Brasil e que se ingerido por mulheres grávidas induz ao aborto), cadastro de pacientes, material cirúrgico e uma tabela de procedimentos.

O Ministério Público Estadual (MPE) embasado na investigação policial, em que foram interrogadas pelo menos 70 pessoas, resultando em inquérito de cerca de mil páginas ofereceu denúncia contra 35 pessoas por crimes de apologia, prática de aborto e formação de quadrilha, cometidos na Clínica de Planejamento Familiar.

Dos denunciados, noves são funcionários da clínica ou prestaram serviço para o estabelecimento: além de Neide Mota Machado, constam ainda Simone Aparecida Cantaguessi, Maria Neuma de Souza, Rosangela de Almeida, Libertina de Jesus Centurion, Daniela Martins Athia, Lucas Mota Morenz, Maria Lúcia Cornelas França e Elaine Maria de Souza. Todos foram denunciados por formação de quadrilha (artigo 288 do Código Penal, reclusão de um a três anos) e prática de aborto (artigo 126, com pena prevista de um a quatro anos).

Dos 26 restantes, 24 são pacientes e foram denunciadas pelo crime de provocar aborto ou consentir que provoquem (artigo 124, pena de um a três anos). Os outros dois citados são Denis Martins de Souza e Raquel Cristina de Melo. Souza era namorado de uma adolescente de 16 anos e pagou pelo aborto com cheque no valor de R$ 2,5 mil; Raquel é mãe de outra adolescente, levada para ser submetida ao procedimento. Os dois foram denunciados por prática de aborto (artigo 124) combinado com agravante de colaborar para que o crime seja praticado (artigo 29, que prevê acréscimo na pena de até a metade ou sendo reduzida a um sexto ou um terço, se for de menor importância). Neide Mota Machado ainda deve ser processada por ameaça e porte ilegal de arma, em denúncia que foi desmembrada e será apresentada pelo MPE.

 

 

TV Morena