17 de setembro de 2004 - 15:19

Jornalistas discutem Conselho e cobertura política

A relação entre a mídia e o Poder Legislativo foi debatida hoje no ciclo de palestras sobre o Parlamento Brasileiro promovido pelo Congresso para jornalistas. Na abertura do evento, o presidente do Senado, José Sarney, classificou a proposta de criação do Conselho de Jornalismo como "um momento de infelicidade". Em sua avaliação, o Conselho não deve prosperar.
Nos debates de ontem, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, disse que o Governo errou ao enviar à Casa a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo sem antes discuti-la com o Legislativo e com as entidades envolvidas.
As jornalistas Eliane Cantanhêde, do jornal Folha de S. Paulo, e Tereza Cruvinel, de O Globo, que participaram das palestras de hoje, também se posicionaram em relação à criação do Conselho. Tereza concordou com o presidente João Paulo Cunha. “O Governo se equivocou em mandar o projeto para o Congresso sem um debate prévio. Com sua mentalidade sindical, o Governo achou que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) representava a classe, o que não ocorre”, explicou.
Eliane disse que um olhar externo sobre o jornalismo não a incomoda, mas sim a criação de uma autarquia sob a responsabilidade do Governo. “Nós queremos um jornalismo independente”, concluiu.

Cobertura superficial
Eliane Cantanhêde e Tereza Cruvinel fizeram um “mea culpa” e criticaram a forma com que a cobertura do Congresso Nacional é feita. “Nós não descutimos temas que estão sendo debatidos no Congresso, mas sim brigas políticas e plenário vazio, esquecendo os assuntos que são importantes para a nossa sociedade”, disse Cantanhêde, acrescentando que o Congresso é muito mais que o Plenário. “Esse mundo é muito maior do que o Plenário. Mais do que questões políticas, estamos discutindo a lei”, enfatizou.
Para Tereza Cruvinel, Imprensa e Parlamento são complementares. “É através dos meios de comunicação que a população pode ter uma sintonia com os seus representantes”, disse. Assim como Eliane, Tereza apontou como o principal erro do jornalismo político o foco no jogo político e não na atividade-fim do Congresso. Em sua opinião, outros desvios de cobertura são a fiscalização mais intensa no Legislativo que nos demais poderes, o foco na elite parlamentar e o enfoque governista.
Eliane fez ainda uma crítica ao Governo: “o governo do PT tem uma dificuldade enorme de conviver com a Imprensa”, afirmou, referindo-se às críticas de denuncismo que Imprensa sofre. A jornalista destacou ainda a blindagem que o Governo também quer impor aos funcionários públicos. “Os funcionários públicos não devem servir ao governo de plantão, mas sim à democracia”.
 
 
Agência Câmara