3 de julho de 2007 - 09:53

André Puccinelli pedirá a MP para investigar Zeca do PT

O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), deve entregar nos próximos dias ao MPE (Ministério Público Estadual) o resultado de auditorias na administração de antecessor, Zeca do PT.  

Puccinelli afirma, durante entrevista ao portal de notícias G1, que as auditorias revelaram “várias irregularidades em vários órgãos”. 

De acordo com o governador, uma delas é o sumiço de carros do Idaterra (Instituto de Desenvolvimento Agrário, Assistência Técnica e Extensão Rural).

André Puccinelli afirmou que solicitou uma auditoria em órgãos públicos por que "o poder público tem obrigação e responde por sucessão dos atos do governo anterior".

"Não é a figura do André, a figura do Zeca que responde. Responde o governo através dos seus agentes políticos. Muitas vezes, para você se eximir de uma eventual penalidade, tendo descoberto alguma coisa irregular, você denuncia essa coisa", alegou.

Questionado se sua atitude foi tomada por precaução, o governador afirmou que "foi para fazer a sistemática legal correta".

"Já fui prefeito de Campo Grande e na sucessão acabei respondendo pelas questões administrativas de duas administrações anteriores, do antecessor do meu antecessor. Então, já tendo conhecimento, eu chamei a Procuradoria Geral do Estado e disse: “Olha, mande um ou dois procuradores para todos os órgãos, e que todos os órgãos façam todos os levantamentos gerais”. Para quê? Preventivamente, por um motivo. Segundo, para seguir a legislação. E terceiro, para corrigirmos mais rapidamente se houvessem (sic) questões a serem corrigidas. Todo esse levantamento foi feito e agora, de uma só vez, nós vamos entregar oficialmente tudo levantado para o Ministério Público Estadual", disse.

O governador garantiu também que entregará a documentação pedindo para investigar Zeca do PT ainda esta semana.

"Na primeira semana de julho. Vamos entregar formalmente, documentado, e cabe a eles resolver se houve alguma coisa ou não. Não incumbe ao Executivo fazer um juízo de valor, só a constatação dessas questões", declarou.

O portal G1, que está fazendo uma série de entrevistas especiais com os governadores brasileiros, tentou entrar em contato com Zeca, mas tanto sua filha quanto a assessoria de imprensa e um ajudante de ordens afirmaram que ele estaria viajando.

“Não tem mais carro. Como é que some? Você tem que dar baixa no patrimônio. Ele foi roubado? Tem que ter o boletim de ocorrência, porque ele é um bem que está lá plaquetado, numerado, catalogado”, disse Puccinelli, durante a entrevista.

Puccinelli afirma ainda que a Operação Xeque-Mate “fez um limpa” em Mato Grosso do Sul. As denúncias de existência de máfias de exploração de caça-níqueis no Estado, segundo ele, não são novidade.

“Todo mundo no Estado sabe quem é que joga bicho. Era voz corrente até de criancinha de colo o que acontecia aqui”, afirmou Puccinelli.

“Todo mundo sabe que o tal de Nilton Cezar Servo era um quadrilheiro das máquinas, das maquininhas, dos caça-níqueis”,disparou.

Servo, ex-deputado estadual, foi preso durante a operação. Indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público, ele é apontado como um dos líderes do esquema. Seu advogado, Eldes Rodrigues, rebateu a acusação do governador.

Filiado ao PMDB, um dos partidos que mais pleiteou cargos, Puccinelli critica as indicações políticas e o apetite de aliados em participar de governos que ajudaram a eleger.

“Às vezes ocorre indicação de ‘cupincha’. E aí não funciona. Se houvesse essa preocupação de indicar os melhores... Aqui no meu [governo], dois que foram indicados por partidos não serviram. [Passaram-se] três meses, ‘tchau e benção’”.