3 de julho de 2007 - 05:55

Confusão em inscrição para Enem 2007 ameaça resultado

Uma confusão na nova forma de inscrição para o Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) neste ano poderá causar distorções no resultado. Pela primeira vez, elas ficaram sob responsabilidade dos alunos, e não das escolas. Com isso, jovens do primeiro e do segundo anos também se inscreveram na prova, que é exclusiva para quem está no terceiro ano ou já concluiu o curso.

Ao preencherem o documento pela internet, como não havia um campo no qual pudessem dizer de que ano eram, eles se inscreveram como se fossem do terceiro ou já formados.

Assim, quando as notas dos concluintes forem divulgadas, muito provavelmente estarão erradas, já que alunos de outros anos serão contabilizados como do último. As notas por escolas também estarão alteradas, o que poderá causar mudanças na classificação delas.

No Colégio Móbile, na zona sul de São Paulo, 46 estudantes do segundo ano se inscreveram como sendo do terceiro (que tem 79 alunos). "Eles se inscreveram de casa, pela internet. Quando as dúvidas surgiram, descobrimos que muitos já tinham dito que estavam se formando", conta a diretora Maria Helena Bresser.

O Móbile foi a terceira melhor escola da capital no Enem de 2006. "Os rankings poderão estar modificados. Mas o pior é que a gente perde e confiança no Enem", diz. "Há uma série histórica considerável, que servia de base para as escolas saberem onde melhoraram ou não, que não poderemos mais usar."

Ontem, Maria Helena conseguiu falar com o Inep -órgão do Ministério da Educação responsável pelo exame-, que pediu para que enviasse uma lista com os nomes de quem não é do terceiro ano. "A situação da minha escola pode até se normalizar, mas e a das outras?"

No Colégio Magno, também na zona sul, a diretora Myriam Tricate se deu conta do caso nesta semana. Ontem, descobriu que três alunos do segundo ano haviam se inscrito.

"O Enem deveria interessar apenas ao aluno, mas, como se tornou uma avaliação da escola, com os resultados divulgados pelo MEC, temos de nos preocupar", diz. "E uma base errada de alunos pode pôr todo o trabalho a perder."

No Colégio Bandeirantes, outro da zona sul, que foi o segundo melhor da capital em 2006, os coordenadores foram orientados pelo Inep a dizer para os alunos do segundo ano se declararem formados.

"É absurdo. Mas não havia outra opção porque senão a escola seria prejudicada", afirma Osmar Antônio Ferraz, coordenador de vestibulares. "Não sei por que o Inep não coloca um campo para alunos de outras séries. Não dá para impedi-los de fazer a prova porque todo mundo quer treinar."

É o caso de Maria Luiza, 16, estudante do segundo ano que se inscreveu como do terceiro. "Quero ver como a prova é", diz. "Na hora da inscrição, não tinha o que fazer. Achei que o menos errado era colocar que eu estava no terceiro."

 

 

 

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