25 de junho de 2007 - 10:27

Lavagem de dinheiro com gado é "facílimo", diz juiz Odilon

O juiz federal Odilon de Oliveira, da Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, afirma que é "facílimo" lavar dinheiro com rebanhos e fazendas. O juiz, considerado uma referência no combate à lavagem de dinheiro, afirma que em regiões com vocação agropecuária, como o Estado onde atua, é comum identificar o uso de imóveis rurais como instrumento de lavagem de recursos financeiros de origem ilegal. "Toda a documentação pode ser falsificada", diz Oliveira.

Segundo o juiz, que já condenou algumas centenas de traficantes (muitos deles donos de fazendas, entre outros negócios), não se trata de falsidade material, mas sim ideológica. É possível obter junto às repartições públicas boa parte da documentação necessária e simular negociações de gado ou produtos agrícolas, ainda que, na prática, eles não existam ou existam apenas parcialmente. "Chamamos de 'vaca de papel','soja de papel'. O proprietário declara que tem tanto de gado ou tanto de produto, faz a inscrição no órgão competente, obtém o talonário de notas fiscais, compra vacinas, simula a venda e paga o imposto", explica o magistrado. Somente os processos de lavagem que tramitam no Mato Grosso do Sul resultaram no seqüestro de 365 mil hectares de fazendas, o equivalente a 16% da área de Sergipe.

"No ramo agropecuário, o controle por parte do Estado é mais difícil. São muitos contribuintes com renda derivada da atividade rural e pouca estrutura para fiscalizar", diz Everaldo Gomes Parangaba, perito e diretor regional da Associação Nacional de Peritos Criminais Federais no Mato Grosso do Sul. A documentação é considerada imprescindível para transações dentro da lei, pois atestam cumprimento das exigências sanitárias, garantindo preço e acesso da carne ao mercado formal. Com registros do estabelecimento de procedência do gado, nota fiscal, recibos e comprovantes de ordem sanitária (por exemplo, despesas com vacinas) em mãos, afirmam especialistas, é possível até retirar a GTA (Guia de Transporte Animal). As informações são de O Estado de S.Paulo.

 
 
 
 
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