21 de junho de 2007 - 14:16

Vereador de Dourados diz que recebeu ameaça por telefone

O vereador Paulo Henrique Bambu (PSC) denunciou na terça-feira, durante sessão na Câmara de Vereadores, que está sendo vítima de ameaças por telefone. Ontem, ele confirmou ao Diário MS que recebeu um telefonema na terça-feira, de um empresário da cidade, que ameaçou atentar diretamente contra os vereadores que votarem contra o projeto que proíbe a queima da cana-de-açúcar em Dourados. O projeto é de autoria do vereador Elias Ishy (PT) e deverá ser votado na sessão da próxima semana.
“A pessoa do outro lado da linha disse que, se o projeto fosse reprovado, iria subir na plenária e bater em todos os vereadores. Ele também disse que iria botar fogo na minha casa e que eu e minha família seríamos obrigados a sair da cidade”, contou o vereador.
Paulo Henrique Bambu preferiu não dizer o nome de quem fez as ameaças, segundo ele, “para não promover o empresário”. Entretanto, o empresário Romem Barleta confirmou à reportagem ter sido o autor da ligação.
Bambu disse, ainda, que não pretende registrar boletim de ocorrência, mas que vai solicitar ao presidente da Casa, Carlinhos Cantor (PR) que convoque policiamento para o dia da votação, próxima terça-feira. “Vamos deixar a polícia em alerta. Eu preciso dar a oportunidade desta pessoa vir à Câmara, mas todos devem ter respeito pela Casa”, disse ele, ao afirmar que outros vereadores também receberam a ameaça por telefone.
Bambu afirma que as ameaças são um “desrespeito à democracia” e intimidam a Câmara de Vereadores como um todo. “Fomos eleitos dentro de um sistema democrático. Não há como 12 vereadores pensarem igual porque cada um possui sua ideologia e seu pensamento político”, defendeu.
Ontem, o presidente da Casa, Carlinhos Cantor, disse que não tem conhecimento se outros vereadores também receberam a denúncia. Ele disse, ainda, que a Casa não deverá tomar nenhuma providência legal, já que a ameaça é individual. “Não existe nenhuma ameaça contra a instituição, mas sim uma questão individual de cada vereador”, disse ele.
Cantor também defendeu a abertura de debates e orientou que nenhum vereador vote sob pressão. “Cada vereador deve votar de acordo com sua consciência, e não sob coação. Não adianta radicalizar; é preciso flexibilizar os debates”, acrescenta.
O vereador Eduardo Marcondes (PMDB), que se manifesta totalmente favorável à implantação de usinas em Dourados, disse que não recebeu nenhuma ameaça por telefone. “Recebi sim, várias ligações, mas todas tentando me convencer a mudar de postura e votar a favor do projeto. Mas o meu pensamento continua o mesmo”, garantiu.
AMEAÇAS

Ontem, o empresário Romem Barleta assumiu estar “falando diretamente” com os vereadores sobre o assunto. Barleta coordena uma campanha ‘agressiva e violenta’ contra a queima da cana-de-açúcar no município. Recentemente, o empresário já havia dito ao Diário MS que a campanha iria perseguir todos os vereadores que votassem contra o projeto.
Ontem, ele voltou a dizer que a campanha tem uma posição bastante definida – e radical – com relação à postura dos vereadores sobre o projeto. “Falei abertamente com o Bambu como falei com todos os outros vereadores. Continuamos na luta para que o projeto seja aprovado”, disse ele. “Quem se sentir ameaçado deve procurar os meios legais para se defender”, alfinetou.
Mais tarde, ele procurou a redação e amenizou o discurso. Barletta disse se tratar apenas de um “jogo de palavras”. “Não existe ameaça real. Este é um movimento ambiental e de cidadania”, acrescentou.
Barleta afirmou que a campanha vai partir para o embate e o enfrentamento em prol da defesa do meio ambiente. No dia da votação, ele pretende entregar à Casa um abaixo-assinado com milhares de assinaturas contra a queima da cana.
O coordenador de Formação Política e Movimentos Sociais do DCE (Diretório Central de Estudantes) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) – uma das entidades que apóiam o movimento –, Alceu Junior Bittencourt, disse ontem que ninguém do diretório falou diretamente com os vereadores, mas lembrou que o embate continua. “Já deixamos claro que vamos repudiar publicamente cada vereador traidor da opinião pública. Talvez eles encarem isso como uma ameaça”, avaliou.
 
 
 
 
Diário MS
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