25 de maio de 2007 - 14:00

Energia cara inviabiliza investimentos industriais em MS

Os elevados preços da tarifa de energia elétrica praticados pela concessionária Enersul (Empresa Energética de MS) em 73 municípios de Mato Grosso do Sul são avaliados pelos empresários e industriais instalados no Estado como fator que inviabiliza investimentos e geração de empregos em MS.

Um dos exemplos que comprovam a situação enfrentada pelos empresários locais é vivenciado pela indústria de alimentos Frango Vit, instalada no pólo industrial Indubrasil, em Campo Grande. Com cerca de 500 funcionários e produzindo 50 mil frangos por dia, os custos com energia elétrica da empresa chegam a superar a folha de pagamento dos mais de 500 trabalhadores.

De acordo com a direção da empresa, o gasto mensal com energia elétrica gira em torno de R$ 250 mil, patamar semelhante à folha mensal de pagamento, descontado o valor pago em impostos.

Na prática, o custo operacional elevado das indústrias causa reflexos em cascata que impedem aumentos nos salários dos funcionários, restringem investimentos para expansão das indústrias, elevam o preço final dos produtos aos consumidores e derrubam a competitividade dos produtos locais frente aos itens produzidos em outras unidades da Federação.

Para o presidente do Sindivest/MS (Sindicato das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação de MS), José Francisco Veloso Ribeiro, o atual patamar de preço da tarifa de energia elétrica é um dos gargalos para a industrialização do Estado. "MS tem um dos melhores incentivos fiscais para atração de indústrias, no entanto, o incentivo concedido de um lado é gasto na outra ponta pelos empresários com despesas maiores como a energia elétrica", comentou.

Veloso explica que a cada peça produzida em sua empresa de confecção (Di Classe Confecções), de 3% a 5% do preço final são relativos aos gastos com energia elétrica. Ele confirma que o alto preço da tarifa tira parte da competitividade dos produtos produzidos internamente. "A preocupação com os aumentos de energia é que temos contratos de longo prazo estabelecidos com os compradores. Quando há forte aumento do custo com energia temos que absorver isso, o que diminui a margem da empresa, para não perder os clientes", ressaltou.

O diretor da indústria de lingeries Universo Íntimo, Gabriel Margulies – empresa também instalada no pólo industrial Indubrasil, na Capital –, conta que a energia elétrica responde por 2,5% do custo total de produção. "A energia representa valor importante do custo, mas a confecção de maneira geral não necessita de grande consumo de energia elétrica", explicou. Ainda assim, ele afirma que a conta mensal da indústria gira em torno de R$ 20 mil. Hoje, a Inverso Íntimo possui 520 funcionários em Campo Grande.

Para Margulies, o custo elevado de energia elétrica impede investimentos e a instalação de novas empresas, principalmente daquelas que demandam muita energia elétrica para a produção. "A tarifa elevada acaba sendo o fator limitante para a industrialização, inibindo a vinda de empresas", avaliou.

 

 

Correio do Estado