14 de setembro de 2004 - 17:24

Vacina contra hepatite B pode aumentar risco de esclerose

A vacina contra a hepatite viral B pode aumentar o risco da esclerose múltipla, indica estudo publicado hoje na revista "Neurology", órgão da Academia de Neurologia dos Estados Unidos.

Os autores do trabalho, que contradiz diversos estudos anteriores, todavia não questionam os benefícios da vacina na prevenção da hepatite B, potencialmente mortal.

A pesquisa foi coordenada por Miguel Hernán, da Harvard School of Public Health (Boston), a partir de uma base de dados dos médicos generalistas do Reino Unido referente a 3 milhões de britânicos.

Os investigadores centraram a sua atenção nos pacientes com esclerose múltipla diagnosticada pela primeira vez entre dezembro de 2000 e janeiro de 1993, e verificaram entre estes os que tinham ou não sido vacinados.

A análise incluiu 163 casos de esclerose múltipla. Com base em 11 casos, os investigadores detectaram um risco três vezes mais elevado de contrair a doença nos três anos seguintes à vacinação.

Porém, segundo Hernán, "93,3% das pessoas do estudo afetadas pela esclerose múltipla nunca foram vacinadas".

Sem sustentação

Num editorial que acompanha a publicação do estudo, dois neurologistas norte-americanos --Robert Naismith e Anne Cross, da Universidade Washington (Missouri)-- afirmam que os dados apresentados no estudo não são suficientemente convincentes para justificar alterações nos programas de vacinação preventiva.

Em todo o mundo há mais de 350 milhões de pessoas cronicamente infectadas pelo vírus da hepatite B, prevendo-se que 65 milhões delas morram de cirrose ou câncer do fígado por não terem sido vacinadas.

A esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica e incapacitante, de evolução imprevisível e que aparece geralmente no adulto jovem, variando entre formas muito ligeiras e muito graves.
 
Folha Online