A apreensão de um bilhete ordenando rebelião e a localização de uma bandeira da quadrilha que aterroriza dentro e fora dos presídios, deixaram agentes penitenciários e servidores que trabalham no sistema carcerário alarmados com a falta de segurança.

Representantes do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado (Sinsap/MS) pediram reunião com o diretor da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Hilton Vilassanti Romero, para discutir a possível restrição às visitas no domingo, Dia das Mães.

O sindicato teme que haja uma nova onda de rebeliões. Os agentes do Presídio Harry Amorin Costa (PHAC) de Dourados encontraram um bilhete de uma facção criminosa que dá ordens para que os presos iniciem um motim. A ordem foi feita após quase um ano da grande rebelião ocorrida no dia 14 de maio de 2006, Dia das Mães.

No bilhete, há ainda ordem para que os agentes penitenciários que forem capturados não sejam poupados (se pegarem algum agente é sem massagem, irmão). Os bandidos alertam ainda que o bereu (bilhete) não seja repassado aos presos das celas 7, 14 e 10. A numeração de assinatura remete ao bando criminoso que comandou as rebeliões no ano passado. O bilhete também seria mandado para os presídios de Campo Grande (EPJFC – Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, Irmã Irma Zorzzi, Instituto Penal de Campo Grande) Corumbá, Três Lagoas, Cassilândia e Rio Brilhante.

O Sindicato dos Servidores Penitenciários também encaminhou ofício ao secretário estadual de Justiça e Segurança Pública pedindo que a visita nos estabelecimentos penais fique restrita a duas pessoas por presos.

O temor não é em vão. Há um ano, no Dia das Mães (14 de Maio), uma facção criminosa desencadeou uma série de rebeliões em presídios de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá, em ação que já havia sido iniciada no dia 11 de maio em São Paulo, com assassinato de 493 pessoas, a maioria, policiais. As mortes foram motivadas após transferência de presos deste grupo criminoso ao presídio de Presidente Venceslau (SP).

Em Campo Grande, durante a rebelião que durou 25 horas, dois agentes ficaram feridos e um detento, Fernando Nascimento Eloy foi degolado e teve os olhos arrancados pelos rebelados. O motim só acabou depois que uma ordem partiu de um presídio de São Paulo.

O Sinsap/MS irá publicar amanhã nota oficial discorrendo sobre o risco de novas rebeliões, sobre o pedido encaminhado ao secretário de Segurança, Wantuir Jacini e das condições de trabalho da categoria. Segundo Martins, há déficit de agentes que compromete a vistoria nos presídios: no caso da Máxima, um agente monitora grupo de cem presos, enquanto o considerado ideal para os padrões de segurança seria um agente para grupo de dez presos.

O último concurso para contratação de agentes está em fase de exame médico e limita-se a vagas de trabalho nos presídios de Naviraí e Dois Irmãos do Buriti.

Confira íntegra do bilhete

“Salve salve meus (ir) e primos da cela forte. Aqui quem os liga é a disciplina do 1º Comando da Capital. Veja bem. Pesso a comprienção de todos, se acaso escutarem um apito vocês abalam a porta pois, só estamos esperando o sinal para colocar o prédio no chão, a luta é com a polícia e iremos revendicar nossos direitos, se pegarem algum agente é sem massagem, irmão.

Podem ficar tranqüilo só não deixem o bireu passar pela C-7 C-14 e C-10. Abrfço leal a todos e uma boa sorte a todos. 15.33

Para EPJFC, PHAC, Penit. T. Lagoas, Masc. E Feminino, EPC, Presídio de Naviraí, Presi.Feminino de CG, IPCG, Ptran, Presi. de Cassilândia, Presi.Feminino de R. Brilhante e CT precisam de toda atenção. Com alerta geral. É domingo e ou até o dia 14 de maio.
05=05=2007"

TV Morena