10 de abril de 2007 - 17:38

Em discurso para prefeitos, Lula volta a atacar FHC

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar os seus antecessores nesta terça-feira, durante a 10ª Marcha dos Prefeitos, em Brasília, quebrando promessa de campanha de que se fosse reeleito só iria se comparar a ele mesmo. Em referência direta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula disse que se o tucano tivesse feito metade do que ele fez o país seria outro.

"Há muitos anos não tinha um presidente que fez metade do que estamos fazendo. Quisera Deus que o presidente antes de mim tivesse feito metade do que eu fiz, teríamos nos desenvolvido muito mais", afirmou para uma platéia de cerca de 3.000 prefeitos. O comentário ocorre depois de o presidente ter anunciado disposição em conversar com a oposição.

Em resposta às cobranças dos prefeitos por mais recursos, o presidente voltou às comparações. Lula disse que nem sempre é possível cumprir todas as promessas do início do mandato, mas que seu governo "foi o que mais avançou em toda a história da República'.

"Vocês vão terminar o mandato e certamente as coisas que disseram no primeiro ano [que iriam fazer] ainda não aconteceram", afirmou.

Como exemplo, o presidente citou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), segundo ele, uma medida libertadora. "Estamos dando o direito a que vocês tenham liberdade. Prefeito e pobre só eram procurados neste país em época de eleição." Lula classificou o PAC como "o mais perfeito projeto de desenvolvimento já feito nesta República, porque tem começo meio e fim".

Em mais um recado para a oposição, o presidente disse que, como sindicalista, está acostumado a queixas e que por mais que faça sempre será cobrado a dar mais. Lula criticou os políticos que continuam agindo como se estivessem em campanha depois de eleitos.

"Quando termina a eleição, um político sério, competente, ele deixa de lado o debate eleitoral para assumir uma responsabilidade maior. A partir do momento em que se abrem as urnas, não tem PFL, PSDB, PT, temos o compromisso de tratar com a melhor qualidade possível aqueles que acreditaram em nós", afirmou.

Saia justa - Antes do discurso, o presidente ouviu críticas do presidente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Paulo Ziulkoski, que cobrou do governo a repartição de recursos federais com os municípios e uma melhor execução do Orçamento da União.

"O Orçamento da União não se comunica com os dos Estados e municípios. Às vezes é instrumento de barganha e de compra de governabilidade", afirmou, recebendo aplausos dos prefeitos presentes.

Lula foi para o evento acompanhado de 20 ministros, inclusive Waldir Pires (Defesa). Encerrou o discurso prometendo aumentar em 1 ponto percentual os recursos repassados aos municípios por meio do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), a reduzir de 20% para 0,1% a contrapartida que os municípios têm que oferecer para ter acesso a recursos do PAC para saneamento e habitação, a oferecer um banco de projetos para que os municípios possam pleitear os recursos do PAC e a abrir uma linha de financiamento para a construção de ônibus standard mais baratos para o transporte de crianças para as escolas. Ele foi aplaudido de pé.

Folha Online