4 de abril de 2007 - 09:33

Inclusão Social: Telefone para surdos no MS

As necessidades dos surdos de se comunicar à distância são semelhantes as das pessoas com audição normal e que dificilmente imaginariam como seria a vida sem o telefone. O surdo também precisa chamar a polícia, o bombeiro, o médico, ligar para a escola dos filhos, informar-se a sobre sua conta bancária, comprar um lanche, reservar uma passagem ou somente conversar com alguém que está longe dele. Sem o telefone, o surdo sempre tem que ir até lá e resolver tudo pessoalmente, o que gera perda de tempo e dinheiro e, ainda, corre o risco de não encontrar a pessoa com a qual precisa falar.
Com a privatização das companhias telefônicas brasileiras, o funcionamento dessas empresas está sendo regulamentado pela Anatel (ex-Telebrás). Segundo a agência controladora as concessionárias são obrigadas a dar condições de acesso ao serviço para deficientes auditivos e da fala, dispondo da aparelhagem adequada à sua utilização. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 0800 33 2001.
Se por um lado os deficientes físicos necessitam de um telefone normal abaixado, por outro os surdos precisam de um aparelho telefônico especial, de um telefone de escrever.
POUCOS
De acordo com a Central de Atendimento da BrasilTelecom em Mato Grosso do Sul são poucos os municípios que dispõe do aparelho. Apenas cidades grandes como Campo Grande, por exemplo, contam com o equipamento. Para Três Lagoas, segundo informou a Central de Intermediação das Ligações, que funciona 24 horas por dia, nunca houve solicitação do serviço.
Aparentemente, muitos ainda não sabem que existe este recurso e ninguém está pedindo que sejam instalados os telefones para surdos em locais públicos.
Os locais onde o aparelho devem ser instalados são: aeroportos, rodoviária, delegacia de polícia, hospital, câmara legislativa, escola, companhia de luz, de água, e outros.
Segundo informações da Federação das Associações de Pais e Amigos dos Surdos a instalação dos telefones especiais não implica em nenhuma reforma, nenhuma modificação da estrutura do prédio, basta ligar o aparelho ligado numa tomada elétrica ao lado de um orelhão.
A BrasilTelecom, assim como demais empresas de telefonia do país possuem o serviço de atendimento dedicado ao deficiente auditivo. Trata-se do serviço 142.
COMO FUNCIONA
O deficiente auditivo liga para esse número e com o aparelho telefônico especial conectado ao telefone comum entra em contato com o atendente da empresa, que irá fazer a intermediação entre o deficiente e o seu interlocutor. O Telefone de Texto, como é também é conhecido tem por objetivo permitir a comunicação dos surdos com outros surdos ou com ouvintes. Os limitados da voz são igualmente utilizadores de telefones de texto, uma vez que não têm voz suficiente para serem ouvidos do outro lado da linha telefónica. O Telefone de Texto é um telefone para escrever que possui em média um teclado de 68 teclas, de acordo com o aparelho.
Os seus utilizadores comunicam com outro aparelho igual, aparecendo em tempo real no display dos dois telefones, o que cada interlocutor vai escrevendo.
NÚMEROS
Os números dos últimos Censos, relativos a pessoas com surdez no Brasil, mostram a necessidade de políticas de inclusão social. Segundo o IBGE, o número de surdos, em 2000, ultrapassava os 5 milhões. O Censo da Educação Superior de 2004 registrou 974 alunos com algum tipo de deficiência auditiva que freqüentam curso superior; os dados do Censo Escolar de 2006 já registram a matrícula de 69.277 alunos com surdez de variados graus na Educação Básica.