10 de setembro de 2004 - 15:22

Seguro agrícola é reivindicação histórica dos pequenos

Durante muitos anos, trabalhadores rurais e agricultores familiares reivindicaram o acesso a um seguro agrícola que reduzisse os riscos da produção. Na falta de uma garantia, os agricultores produziam sem saber se, em caso de perdas na lavoura, conseguiriam novos recursos para quitar dívidas, sustentar a família e reiniciar o plantio. Hoje, agricultores e trabalhadores rurais festejaram o lançamento do Seguro da Agricultura Familiar, no Palácio do Planalto.

“Nós lutamos durante muito tempo e agora estamos aqui para comemorar essa conquista. Tínhamos um drama a cada safra, quando pequenos agricultores perdiam tudo com as chuvas de granizo ou com a seca”, afirma o produtor Romário Rosseto, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), entidade que representa 300 mil famílias em 18 Estados.

O Seguro da Agricultura Familiar vai, em caso de perdas, garantir 100% do financiamento realizado pelo agricultor, além de uma indenização.

Os recursos do seguro poderão ajudar agricultores como Lázaro Custódio de Oliveira. Hoje, ele deixou a lavoura em Goiatuba (GO) para “conhecer de perto” o presidente e participar do anúncio do seguro. Lázaro conta que, entre 1968 e 1972, perdeu toda a lavoura e teve dificuldades para sustentar a família. “Na época, não tinha seguro e o financiamento existente era só para a safra de arroz. Esse seguro traz uma nova esperança, espero que ele possa abranger os agricultores familiares como um todo”, declarou.

Antonio Borges Moreira, da Federação dos Trabalhadores na Agricultora do Estado de Goiás, ainda não enfrentou a perda de uma safra, mas já viu muitos colegas sofrerem com a falta de seguro. “Faço financiamento todo ano e sei que já poderei usar nessa safra de 2004/2005. Isso é muito bom”.

Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel José dos Santos, o seguro dá “uma nova esperança para uma política que dê mais segurança aos agricultores familiares”. “Não resolveu tudo, mas está no caminho”, observou. O “tudo” a que se refere Manoel diz respeito aos 80% dos agricultores familiares que plantam sem utilizar crédito agrícola e, por isso, não serão cobertos pelo seguro. De acordo com Manoel, mais de quatro milhões e meio de estabelecimentos rurais ainda não têm acesso ao crédito rural. “Ainda assim, a iniciativa é importante porque, apesar de o seguro está vinculado ao crédito, ele não se restringe somente ao crédito, ele assegura o financiamento e parte da produção”, disse.
 
 
 
Agência Brasil