10 de setembro de 2004 - 10:49

Seca e dólar pressionam queda no preço da arroba do boi

O clima seco e quente que está sendo registrado com intensidade em algumas regiões produtoras (como São Paulo, Paraná, triângulo mineiro, e partes de Goiás e Mato Grosso do Sul) deve contribuir para que os preços fiquem pressionados, segundo estimativa de José Vicente Ferraz, da FNP Consultoria.

Segundo ele, a seca deve contribuir para que o pouco pasto ainda existente se deteriore mais rápido e ainda mais animais sejam ofertados. "A maior oferta de gado confinado está permitindo que as escalas permaneçam longas inibindo qualquer reação positiva dos preços", disse.

Os frigoríficos exportadores já estão com suas escalas alongadas até meados de outubro. No triângulo mineiro, alguns frigoríficos já estão com escalas de 30 dias, informa Ferraz. No interior paulista, a média de escalas já prontas chega a 15 dias.

Segundo o Cepea, o preço máximo registrado no interior paulista ainda é R$ 62,44 para descontar o Funrural à prazo mas o mínimo caiu para R$ 61, reduzindo a média. Na média, os preços estão em torno de R$ 61,50 para descontar o Funrural à prazo em São Paulo. O Indicador Esalq terminou o dia de ontem cotado a 60,89 à vista e a R$ 61,83 à prazo, em nova queda. Diante disso, os futuros devem registrar novo recuo, principalmente nos vencimentos mais curtos.

O recuo do dólar ante o real, o que torna o preço do boi mais caro em dólar, acaba por fazer com que os frigoríficos exportadores aumentem a pressão para a queda da arroba do animal. Alguns analistas acreditam que a arroba do boi pode chegar até R$ 60 para descontar o Funrural à prazo no curto prazo. Para Ferraz, o pecuarista está desanimado e não acredita muito mais em uma recuperação nas cotações e por isso está acelerando suas ofertas.
 
Estadão