6 de setembro de 2004 - 13:21

FIA apresenta pacote de mudanças

Termina nesta segunda-feira o prazo dado por Max Mosley, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), para as equipes apresentarem propostas para mudar os regulamentos técnico e esportivo da Fórmula 1 já na próxima temporada. No GP da França, dia 4 de julho, Mosley reuniu a imprensa e afirmou: "Se até 6 de setembro eu não receber nenhum projeto do que deve ser alterado na Fórmula 1, passará a valer a proposta da própria FIA."

Na realidade, o dirigente se antecipou aos fatos: "Como sei que será praticamente impossível as equipes chegarem a um consenso, estou apresentando um pacote de mudanças." Mosley tem a prerrogativa, como presidente da FIA, de alegar razões de segurança e rever as regras da competição, sem necessidade de aprovação dos representantes das escuderias. E foi exatamente o que fez. "A escalada de velocidade pode levar a Fórmula 1 a conviver com novas tragédias. Temos de agir já."

Sua afirmação, além de dar basamento jurídico à decisão de alterar os regulamentos, não deixa de traduzir a verdade. A evolução dos carros e, principalmente, a disputa entre Bridgestone e Michelin, fornecedoras de pneus, tornaram a Fórmula 1, em média, três segundos mais rápida este ano em relação a 2003. "É uma diferença muito grande", diz Mosley. "As medidas de segurança nos próprios carros, serviços de resgate, médicos, ampliação das áreas de escape dos circuitos não acompanham essa escalada de velocidade", explica o dirigente.

O outro objetivo da entidade, com o mesmo peso da tentativa de reduzir os riscos e custos da competição, é diminuir a vantagem técnica da Ferrari. Desde 1999 os italianos vencem o Mundial de Construtores. E Michael Schumacher, desde 2000 o Mundial de Pilotos. Tornar os resultados das corridas menos previsíveis é imprescindível para resgatar parte do interesse da torcida pelo evento.

Dois GPs - Se até hoje a FIA não receber nada, como antecipou Mosley, em 2005 a Fórmula 1 será assim: em vez de o mesmo motor ser usado apenas em um GP, como hoje, deverá servir para dois GPs. Não mais percorrerá 700 quilômetros, mas terá de resistir a 1.400 quilômetros. No caso de substituição, o piloto perde 10 posições no grid. Na reincidência, larga em último. Outra importante alteração refere-se aos pneus.

Este ano cada piloto dispõe de 10 jogos de pneus. Mosley impôs apenas dois jogos de pneus para todo o fim de semana de GP. Um para sexta-feira e sábado pela manhã e o outro para a classificação e a corrida. O programa do evento também será revisto, não terá quase nada a ver com o atual. Há uma tendência de volta ao passado, com os pilotos se classificando com gasolina apenas para a volta lançada. Pode até ser que haja duas breves corridas de 10 voltas cada, uma na sexta-feira e outra no sábado, para a definição do grid.

A FIA quer já para 2005 maiores restrições aerodinâmicas, como elevar em 5 cm a altura do aerofólio dianteiro, e menor liberdade para trabalhar os pequenos aerofólios instalados à frente das rodas traseiras.

O plano de Mosley prevê ainda que a partir de 2006 os motores passarão dos atuais 3,0 litros e V-10 para 2,4 litros e V-8. É esperada uma entrevista do presidente da FIA para amanhã, em Paris. Uma certeza existe: a Fórmula 1 vai mudar muito.

 

Estadão