Brasil chega à marca de 100 milhões de celulares
De lá para cá, muita coisa mudou. A competição e a evolução tecnológica fizeram cair os preços, transformando o telefone móvel num instrumento de inclusão social. Existem aparelhos em oferta nas lojas por preços a partir de R$ 1. Oitenta e um por cento dos clientes são pré-pagos, a modalidade de telefonia mais acessível à população de baixa renda.
Até o fim do ano, os telefones móveis em uso vão somar os 100 milhões no País, número que representa duas vezes e meia o total de telefones fixos. Com três ou quatro operadoras competindo na maioria dos mercados regionais, o celular proporcionou a universalização da telefonia nas cidades em que está presente. No fim do ano passado, já estava presente em 59,3% das residências brasileiras, comparado com os 47,6% da presença do telefone fixo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O mercado deve crescer 17% este ano e 13% em 2007. Bem abaixo dos 31% verificados no ano passado e dos 41% em 2004. “Um mercado que está se tornando cada vez mais importante é o das pessoas que trocam de operadoras”, afirmou Mario César Pereira de Araújo, presidente da TIM Brasil, segunda maior operadora do País.
“Quando houver a portabilidade numérica, vai haver um grande impulso. Muitos clientes não trocam de operadora porque não querem perder o número”, observou. A portabilidade permitirá manter o número ao trocar de operadora.
“O celular continua sendo um dos grandes objetos de desejo do consumidor”, disse João Cox, presidente da Claro, a terceira maior do País. Para os fabricantes, o mercado de reposição de aparelhos se torna cada vez mais importante.
Em 2007, devem ser vendidos 41,6 milhões de celulares, sendo dois terços para substituir aparelhos antigos de quem já é cliente das operadoras.
A maioria dos clientes potenciais, hoje, está nas classes C , D e E. As operadoras enfrentam o desafio de continuar crescendo e, ao mesmo tempo, melhorar os resultados. O importante, no caso, é manter o cliente. “A lógica é a de uma financeira”, explicou Cox. “Quando vende, a operadora tem um prejuízo por causa do subsídio dos aparelhos. Na verdade, está comprando o fluxo de caixa dos clientes.”
Um dos indicadores-chave dessa indústria é a receita média mensal por assinante. Ele está em R$ 23. Apesar do baixo poder aquisitivo dos novos clientes, compensa continuar crescendo, na visão de Roberto Lima, presidente da Vivo, maior operadora celular do País.
“Quanto mais clientes, é mais provável que as ligações aconteçam na própria rede da operadora, entre seus clientes”, explicou o executivo. “As chamadas que acontecem na própria rede são mais rentáveis.”
Quando a ligação acontece entre telefones de operadoras diferentes , a empresa do cliente que originou a chamada tem que pagar para a que recebe uma tarifa de interconexão, pelo uso da rede.
O celular pré-pago teve um papel importante na universalização da telefonia, no que diz respeito ao atendimento de clientes de baixa renda. A universalização geográfica, no entanto, ainda depende do telefone fixo. Somente 57% dos municípios brasileiros são atendidos hoje pela telefonia móvel.“As concessionárias fixas têm a obrigação de atender às localidades menores, que precisam cumprir para sempre”, explicou Alain Riviere, vice-presidente de assuntos regulatórios da Telemar. “É difícil o celular chegar a esses lugares no médio prazo.”