13 de dezembro de 2006 - 09:05

Produtores ameaçam fechar agências do Banco do Brasil

Os prefeitos que compõem o Getim – Grupo de Trabalho Intermunicipal, estão buscando imediata solução para a crise econômica que afeta os cerca de 1.388 agricultores familiares, que estão enfrentando situação de calamidade em função da febre aftosa registrada há 14 meses que, consequentemente, está impedindo créditos especiais junto ao banco oficial de crédito rural.

Sem custeio, estes micro-produtores já ameaçam uma invasão em massa nas agências do Banco do Brasil de Mundo Novo, Itaquiraí e Naviraí. O Diário MS obteve informação sigilosa de que tudo está sendo organizado para acontecer na próxima semana. Porém, se a reunião do Getim, que está tratando diretamente destas questões em defesa dos produtores, não avançarem em atendimento às reivindicações, o manifesto poderá ocorrer ainda esta semana.

De acordo com o Getim, hoje o problema é a não liberação, pelo Banco do Brasil, de créditos no valor de R$ 8,5 milhões correspondente a 1.388 contratos protocolados nas agências do Banco do Brasil de Mundo Novo, Itaquiraí e Naviraí, sendo deste total 635 que estão em Mundo Novo, 742 em Itaquiraí e 108 em Naviraí.

Estes recursos, conforme explicou a prefeita Mara Caseiro, de Eldorado e que integra o Getim, são referentes à Resolução 3374, de 19 de junho de 2006, do Conselho Monetário Nacional que disponibiliza crédito especial no valor individual a cada agricultor, de R$ 6 mil com até 3 anos de carência e prazo de até 10 anos para quitação com juros de 1% ao ano para reconversão e revitalização da unidade familiar desses agricultores que tiveram o gado abatido em virtude do foco de aftosa.

Estes créditos poderiam estar sendo acessados desde setembro de 2006 quando a SDA/Idaterra, começou a elaboração dos projetos incluindo as renegociações das dividas. Em todos os municípios os técnicos do Idaterra trabalharam, inclusive fazendo horas extras para atender a demanda dentro do prazo pactuado pelo BB que finalizou em 30 de outubro.

De lá para cá, dos 1.388 projetos protocolados, apenas 129 tiveram liberação. Ainda, deste total de projetos, cerca de 15% foram devolvidos pelo Banco do Brasil com a alegação de que os mesmos não eram público alvo. Esta justificativa do BB causou revolta perante os agricultores, já que, segundo a instituição financeira aqueles que não têm operações Pronaf não podem acessar o crédito especial incluindo aqueles que já quitaram as operações com os recursos das indenizações pelo abate do gado.

“Portanto, uma de nossas reivindicações é que seja feita a prorrogação dos contratos, até 30 de junho do ano que vem”, explicou Mara Caseiro. “Também estamos pedindo agilidade dos avais solidários e cruzados (Resolução 3405) e prorrogação das operações de créditos rurais, bem como mudanças de artigo da resolução, para que possam ser incluídos todos os agricultores familiares impactados pela febre aftosa”, acrescentou Mara.

Segundo ela, o Getim está muito preocupado com esta situação, por isso, os cinco prefeitos, Sandra Cassone (Itaquiraí), Rubens Freire (Japorã), Humberto Amaducci (Mundo Novo), Mara Caseiro (Eldorado), e Lídio Ledesma (Iguatemi) mantiveram uma reunião com os deputados federais João Grandão, Antônio Carlos Biffi, Dagoberto Nogueira (eleito), e com o senador Delcídio do Amaral, quando estes e outros problemas foram reclamados e sugestões foram apresentadas através de uma Carta de Reivindicações.

Por outro lado, os agricultores do Cone Sul do Estado que estão nos municípios afetados pela crise da febre aftosa, já marcaram para esta sexta-feira uma reunião emergencial com os prefeitos de Mundo Novo, Japorã, Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí e Naviraí para definirem apoio político para tratar o assunto.

O Getim busca uma solução pacífica, mas não poderá evitar a mobilização de todos os 1.388 agricultores que estão dispostos a protestarem junto às agências do BB. As ações incluem o fechamento dos mesmos na busca de uma resposta para esta situação e ainda reforçar o pedido do MDA ao Fundo Monetário Nacional para que na próxima reunião que acontece neste mês mude a redação de um dos artigos da 3374 que não foi colocado em pauta na reunião do CMN no dia 30 de novembro em Brasília.
 
 
 
 
Diário MS