12 de dezembro de 2006 - 10:27

Corintiano "espião" vira funcionário da Petrobras

Há cerca de dois meses, o preparador físico do Corinthians - Ricardo Rosa - recebeu uma missão do técnico Emerson Leão: ver de perto e conferir se o atacante boliviano Arce era bom mesmo. Para isso, foi mandado à Bolívia com instruções detalhadas: ele deveria acompanhar treinos da equipe do Oriente Petrolero, sem falar com nenhum "expert" de futebol e se identificar como turista ou funcionário da Petrobrás.

Quem conta esta história é o próprio treinador do Corinthians. Ele está irritado com a notícia de que Arce foi uma "contratação do presidente" Alberto Dualib. Ou seja, o atleta teria sido contratado sem o aval de Leão. "Há três meses, ele me foi oferecido. Primeiro eu vi um vídeo com jogadas e gols dele. Depois fui tomar informações", afirma.

Segundo Leão, depois da sessão de gols pela TV, ele procurou amigos que trabalhavam na Portuguesa de Desportos, por onde Arce passou. Soube que o boliviano não ficou no Canindé por "questões financeiras".

Foi aí que o técnico corintiano teve a idéia de mandar Rosa "disfarçado" para Santa Cruz de La Sierra. O preparador recebeu ordem de ouvir motoristas de táxi, porteiro de hotel, freqüentador do boteco perto do clube ou no centro da cidade. Além disso, deveria assistir os treinos.

Rosa estava proibido de dizer quem era na realidade. A idéia do "funcionário da Petrobrás" foi de Leão. Afinal, a empresa brasileira tem uma refinaria na cidade, que virou pivô da política de nacionalização do gás do presidente Evo Morales. Chegou a ser ocupada pelo exército boliviano.

Depois de quatro dias, o espião do Leão voltou ao Brasil. O relatório dele conta que Arce é conhecido entre os torcedores do Petrolero como "Coelho", porque é veloz. Um taxista disse a Ricardo Rosa que "clubes europeus estavam atrás do atacante". Por isso, o menino andava diferente em campo. "O motorista contou que ele estava meio mascarado", disse Leão.

Arce veio para o Corinthians por empréstimo de um ano. "Se for bem, fica. Se não, volta", disse Leão.

 

 

Terra Redação