4 de dezembro de 2006 - 10:27

Crise política se aprofunda na Bolívia

A crise política na Bolívia se aprofundou nesta segunda-feira, depois que um diálogo entre o governo e organizações civis, encabeçado pelo presidente Evo Morales, terminou sem resultados e os governadores de duas regiões decidiram iniciar uma greve de fome.

As negociações para superar o impasse, realizadas em Sucre, terminaram sem avançar já na madrugada de segunda-feira, depois que nenhuma parte cedeu em suas reinvidicações.

A oposição insiste que o governo deve aceitar que a Assembléia Constituinte aprove cada artigo da nova Carta Magna por maioria de dois terços (170 de 255 votos), proposta que Morales considera ter o objetivo de prejudicar e inviabilizar o trabalho do órgão deliberativo.

O Movimento Ao Socialismo (MAS), de Morales, que já tem maioria na Assembléia, aprovou um sistema misto que combina os dois terços e a maioria simples. "Se não houver acordo de dois terços para o texto final, então que decida o soberano", ou seja o povo em um referendo", afirmou o presidente, sem convencer os opositores.

O único acordo após seis horas de reunião foi a respeito da suspensão das deliberações plenárias da Constituinte até que sejam obtidos consensos, mas as organizações cívicas e partidos de oposição, representados no encontro por seus constituintes, se negaram a desistir das medidas de pressão.

Nesse contexto, as organizações civis anunciaram que os prefeitos (governadores) Rubén Costas, de Santa Cruz, e Ernesto Suárez, de Beni, iniciaram uma greve de fome nesta segunda-feira.

Quase 500 pessoas, a maioria de Santa Cruz, mantêm uma greve de fome para resistir à lei de terras que penaliza com a reversão dos latifúndios ociosos e prevê a distribuição de terras a comunidades indígenas carentes.

Também se opõem à proposta governamental de fiscalizar a gestão dos governadores, que administram 40% dos recursos gerados pela nacionalização dos hidrocarbonetos.

 

 

Terra Redação