29 de novembro de 2006 - 07:54

PT e PMDB costuram acordo que exclui Aldo Rebelo

PT e PMDB abriram nesta terça-feira um diálogo que pode influir decisivamente nos rumos da disputa pela presidência da Câmara. O princípio de entendimento nasceu de uma conversa entre os deputados Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia.

 

Arlindo disse a Geddel que reconhece no PMDB, dono da maior bancada na Câmara, o direito de reivindicar a presidência da Casa. E concorda em apoiar Geddel, caso ele consiga firmar-se como candidato viável.

 

Geddel, por sua vez, disse a Arlindo que também enxerga no PT, dono da segunda maior bancada, credenciais para postular o comando da Câmara. E comprometeu-se a apoiá-lo, caso o PMDB não consiga estruturar sua própria candidatura.

 

Na noite desta terça, Geddel comunicou o pacto de colaboração mútua que firmara com Arlindo à bancada do PMDB, reunida num jantar na casa do deputado Tadeu Filipelli (DF). O encontro contou com a participação do presidente do PMDB, Michel Temer (SP).

 

“Há entendimento entre mim e o Arlindo, que pode evoluir para um acordo das bancadas do PMDB e do PT”, disse Geddel ao blog. A lógica que o deputado expôs aos seus colegas de bancada é a seguinte: PT e PMDB estão em vias de juntar-se sob o guarda-chuva da coalizão de Lula. Juntos, os dois partidos têm 172 deputados. Ainda que se considere a hipótese de surgirem eventuais defecções, entram na disputa pela presidência da Câmara com mais de 160 votos.

 

O acerto de Geddel e Arlindo não contempla a hipótese de apoio a Aldo Rebelo, candidato à reeleição, com o apoio de Lula. Falando aos colegas, Geddel foi explícito. Disse que Aldo foi eleito como solução emergencial, no rastro da crise criada por Severino “Mensalinho” Cavalcanti. “Com todas as qualidades do Aldo, o PC do B tem 13 deputados. E não se pode transformar a exceção nascida da emergência de uma crise em regra do Parlamento. Seria o desvirtuamento completo da lógica do Legislativo.”

 

Na véspera, depois de um encontro com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, admitira a hipótese de o petismo abrir mão da disputa na Câmara. Porém, segundo o relato de Geddel à bancada peemedebista, Arlindo deixou claro na conversa que manteve com ele que não se considera vetado nem pelo PT nem pelo Planalto. Bem ao contrário. Move-se abertamente para viabilizar a própria candidatura. “Se ele diz que reconhece o direito do PMDB, como maior bancada, de disputar a presidência, o mínimo que nós podemos fazer é garantir a ele a reciprocidade”, disse Geddel.

 

Mais cedo, em almoço na casa de Michel temer, Geddel verbalizara aos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP) a decisão dos deputados do PMDB de dissociar a disputa da Câmara da guerra travada em torno do comando do Senado. Renan, que disputa a reeleição para a presidência do Senado, assentiu. “Vamos construir um muro no salão que divide uma Casa da outra”, brincou.

 

Há um consenso entre os demais partidos do Congresso contrário à entrega das duas Casas do Legislativo ao PMDB. Se levar o Senado, o partido fica sem a Câmara. Arlindo Chinaglia avalia que uma eventual vitória de Renan abre espaço para que o PT prevaleça na Câmara. Geddel, embora não diga em público, acha que a vitória de Renan não será um passeio. Ao menor sinal de insucesso no Senado, vai oficializar a sua candidatura. Daí o interesse pelo pacto de reciprocidade.

 

Na noite de segunda, Geddel esteve no gabinete de Aldo Rebelo. Disse a ele que o PMDB não abre mão de reivindicar a presidência da Câmara. Aldo perguntou: “Você é candidato?” E Geddel: “Ainda não, mas não quero que você se surpreenda se eu, em determinado momento, anunciar a minha candidatura.”

 

 

 

Folha Online