25 de novembro de 2006 - 08:21

Índios querem área de 90 mil hectares em Itaporã

Os índios de Dourados, que invadiram na noite de quinta-feira uma fazenda localizada no distrito Carumbé, em Itaporã, reivindicam uma área de 90 mil hectares dentro do município. Eles, que estavam acampados às margens da MS-156, nas proximidades do rio Santa Maria, aguardam uma decisão do presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Márcio Pereira Gomes, que deve ir a Dourados.

O índio Nelson Cabreira, da etnia caiuá, disse ontem que estava aguardando reforços de indígenas da aldeia Jaguapirú que estariam chegando ao local. Lideranças devem pedir uma intervenção da Funai para que as terras sejam devolvidas aos índios. "Nascemos e nos criamos aqui, nossos parentes estão todos enterrados em cemitérios indígenas no interior desta área. Fomos expulsos e queremos nossos direitos de volta", disse.

De acordo com o capitão da aldeia Jaguapiru, Renato de Souza, a intenção dos invasores é fazer um acordo com os fazendeiros. "Queremos que a União pague os atuais donos e nos devolva a terra", disse o capitão, lembrando que a comunidade vem buscando alternativas para conseguir a ampliação da aldeia, mas nenhuma providência é tomada.

"O certo não é o índio ficar invadindo terra, o Incra que deveria buscar formas de garantir o bem-estar indígena, evitando conflitos e até mortes. Corremos este risco para garantir nossos direitos mas acabamos desenvolvendo uma ação que não é de nossa responsabilidade. Infelizmente não dá mais para esperar por nossos representantes", disse Souza.

A área invadida, com mais de 40 quilômetros de extensão, liga a aldeia Jaquapirú até o distrito de Corumbé. Ano passado o antropólogo Marcos Homero, do MPF (Ministério Público Federal), apresentou um laudo de identificação que afirma que as terras eram ocupadas tradicionalmente por índios, mas a tese ainda não foi acatada.

Hédio Fazan/O Progresso

A Reserva Indígena de Dourados conta com 3.470 hectares e no local residem cerca de 13 mil indígenas. O capitão explica que a situação da aldeia Jaguapirú é precária. A falta de água é constante. As hortas deram lugar as casas, já que a população cresceu. "O projeto de ampliação das aldeias infelizmente não sai do papel e a comunidade padece", disse.

 

 

 

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