16 de novembro de 2006 - 07:29

Marcha do mínimo levará 10 mil pessoas a Brasília

As principais centrais sindicais do país, à frente a CUT e a Força Sindical, organizam uma marcha de 10 mil pessoas a Brasília. Será no dia 6 de dezembro. O objetivo é pressionar o governo Lula e o Congresso a aprovarem um aumento de 20% no valor do salário mínimo – dos atuais R$ 350 para R$ 420. As centrais reivindicam também a antecipação do reajuste de abril para março de 2007.
O problema é que o Orçamento da União para o próximo ano prevê um reajuste bem menor – o mínimo passaria de R$ 350 para R$ 375. Às voltas com a discussão de um pacote fiscal que inclui a perspectiva de cortes de gastos, o governo não se mostra disposto a atender à reivindicação. “Daí a necessidade da marcha”, disse o presidente da CUT, Artur Henrique. “Achamos que é preciso fazer pressão”.
As centrais estabeleceram “cotas de mobilização” de manifestantes. O movimento será iniciado nos Estados, no próximo dia 29. “Reuniremos 10 mil pessoas com certa facilidade”, diz Henrique. “Marcharemos sobre a Esplanada dos Ministérios na manhã do dia 6 de dezembro. À tarde, iremos ao Congresso Nacional. A pressão deve ser exercida sobre o Executivo e o Legislativo.”
Esse é o primeiro embate direto entre o movimento sindical e o governo depois da eleição presidencial. Durante a campanha, as duas maiores centrais se dividiram. A CUT apoiou Lula (PT). A Força Sindical ficou ao lado do candidato derrotado Geraldo Alckmin (PSDB). Um dos principais argumentos da CUT em favor de Lula foi o de que o presidente assegurou aumentos reais para o mínimo ao longo do primeiro mandato.
No final do ano passado, as centrais pediam que o mínimo fosse reajustado de R$ 300 para R$ 400 (33%). Ao final de uma negociação que consumiu os três primeiros meses de 2006, o mínimo foi a R$ 350 (16,6%). Embora o aumento tenha ficado aquém da reivindicação dos trabalhadores, foi uma das maiores altas da história. Houve, de quebra, um ganho adicional: o governo antecipou a vigência do reajuste de maio para abril.
O número de brasileiros que recebem o salário mínimo – entre empregados ativos, aposentados e pensionistas da Previdência — é   de 25 milhões de pessoas. Se o valor for reajustado para R$ 420, como desejam as centrais sindicais, o impacto sobre o Orçamento da União será de cerca de R$ 14 bilhões. Algo nada negligenciável para um governo às voltas com a necessidade de conter gastos e de ajustar as contas da Previdência.
Artur Henrique argumenta que é preciso considerar também os aspectos positivos. “Além de contribuir para a redução da pobreza, o aumento da renda dos trabalhadores e pensionistas eleva o consumo e exerce um efeito dinâmico sobre a economia que contribui para o desenvolvimento da economia”, diz ele.
O presidente da CUT argumenta, de resto, que, somando-se os trabalhadores do mercado formal e do informal (sem carteira assinada) há 22 milhões de pessoas recebendo o salário mínimo. Somando-se a esse contingente as pessoas que recebem até dois mínimos, o número de beneficiados sobre para 42 milhões. “É a maior campanha salarial do mundo”, diz Henrique.
 
 
 
Com Josias de Souza/Folha Online