8 de novembro de 2006 - 16:11

Ex-assessor de João Grandão confirma depósitos em sua conta

O diretor-presidente da Agiosul (Agência de Imprensa Oficial de Mato Grosso do Sul), Jamil Felix Naglis Neto, ex-assessor do deputado federal João Grandão (PT), admitiu, hoje de manhã, durante depoimento na Polícia Federal da Capital, ter recebido R$ 15 mil, divididos em dois depósitos bancários, no período em que a CPI dos Sanguessugas desconfia que operou o esquema de pagamento de propinas a parlamentares em troca da apresentação de emendas favorecendo a empresa Planam, revendedora de ambulâncias aos municípios.

O dinheiro depositado na conta de Naglis foi descoberto durante a quebra de sigilos bancários feita pela CPI dos Sanguessugas. O ex-assessor do deputado João Grandão, também acusado de participar do esquema das ambulâncias e que não se reelegeu em outubro, no entanto, não associou o dinheiro descoberto em sua conta com a empresa Planam, autora dos depósitos aos Sanguessugas. 

Naglis falou que os depósitos (de R$ 9 mil e R$ 6 mil) surgiram em sua conta de forma misteriosa e que, tão logo descobriu os valores, sacou o dinheiro e gastou, depois de tentar devolver os R$ 15 mil ao banco onde ocorreram os depósitos. Perguntado se teria provas de que procurou o banco para devolver o dinheiro, Naglis falou que tem documentos que comprovam a sua intenção.

O nome de Naglis como suspeito de ter sido beneficiado pelo esquema dos Sanguessugas surgiu em julho deste ano, em meio ao emaranhado de dados coletados pelos membros da CPI que investiga o caso.

Segundo a CPI e a Polícia Federal, os depósitos na conta de Naglis foram feitos em junho de 2003, cerca de três meses depois dele deixar a assessoria de João Grandão, onde operava desde 2001. Segundo as investigações, teria sido o próprio João Grandão, inclusive, o autor do pedido para que Naglis fosse nomeado diretor-presidente da Agiosul.

Mentiras - O delegado federal Cristian Lages, que interrogou Naglis, considerou “fantasiosos” os seus argumentos sobre os depósitos em sua conta. Mesmo porque, segundo Lages, ontem, durante depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Federal, Luiz Vedoin, dono da Planam, declarou ter feito acordo com Naglis para o pagamento de propina.

Vedoin disse também que teria feito acordo com o deputado João Grandão, pelo qual este receberia 10% do valor das emendas de sua autoria que fossem executadas por meio de empresas do esquema das Sanguessugas.

Conforme Vedoin, o próprio João Grandão reuniu-se com prefeitos em seu escritório em Dourados para acertar os detalhes sobre as fraudes nas licitações. O delegado disse hoje de manhã que, se achar necessário, durante o decorrer das investigações sobre o caso, pode chamar o deputado para depor.

 

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