27 de outubro de 2006 - 12:36

Sem-terra tem até hoje para deixar fazenda em Angélica

 

Termina nesta sexta-feira o prazo dado pelo juiz Dêni Luis Dalla Riva, da Comarca de Angélica, para a desocupação pacífica da fazenda Macaco, de 2.500 hectares, invadida há dez dias por 500 famílias de trabalhadores sem-terra ligadas à FAF (Federação da Agricultura Familiar) e ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). No início desta semana, um oficial de Justiça, acompanhado por policiais militares, foi até a área para informar aos sem-terra sobre a reintegração de posse, mas eles se negam a deixar a fazenda.

O tenente Flávio Tamba, comandante da Polícia Militar em Angélica, disse que não existe até agora nenhuma ordem judicial para que a PM mobilize efetivo para fazer o despejo dos sem-terra. Segundo ele, a Polícia Militar só deve interferir “em último caso”.

Ontem à noite, o proprietário de metade da área e arrendatário da outra parte das terras, Kennedy Ulian, 42, culpou o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pela invasão. “Há um ano e meio o Incra se comprometeu a adquirir uma área para aquelas famílias e até agora nenhuma delas foi assentada. O Incra promete e não cumpre e é o único culpado pelas invasões”, disse o fazendeiro, que mora em São Paulo.

Segundo ele, a fazenda é totalmente produtiva, com três mil cabeças de gado e lavoura de 150 hectares de cana-de-açúcar. Ulian afirma não ter interesse em vender a propriedade para o governo federal. “A versão dos sem-terra é totalmente distorcida. Eu nunca negociei a fazenda e não tenho nenhuma pretensão em vendê-la”, disse ele.

 

Dourados News