9 de outubro de 2006 - 13:27

Lula se surpreendeu com Alckmin, diz Wagner

O governador eleito da Bahia, Jacques Wagner (PT), disse hoje em Brasília que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou surpreso com comportamento do adversário Geraldo Alckmin (PSDB) durante o debate realizado ontem pela Rede Bandeirantes. Na avaliação dos petistas "a agressividade dele (Alckmin) é encomendada e não natural".

Logo depois do confronto Lula confidenciou a Wagner que já entendeu o tom que o tucano quer dar à campanha. "Já entendi. A única coisa que eles querem é isso. Vou ter que me preparar", disse Lula ao amigo ainda no vôo de volta a Brasília. Segundo ele, apesar do clima pesado no primeiro debate, Lula considerou sua participação muito positiva e está disposto a participar de outros debates. Jacques Wagner insistiu na tese de que a escolha que os brasileiros vão fazer não será entre dois homens, e sim entre dois projetos políticos. Um ancorado no social e outro que acredita que o mercado por si só resolve tudo.

Mantra
Na avaliação de Jacques Wagner, Lula foi bem melhor e Alckmin ficou se prendendo num mantra único "de onde veio o dinheiro, de onde veio o dinheiro¿, ironizou. Questionado sobre o nervosismo de Lula no início do debate quando o tema corrupção foi abordado, Wagner justificou: "o presidente não pode parar de se emocionar e fazer política friamente. Ele fica chateado com companheiros que se envolvem em irregularidades, indignado com ofensas. O presidente não pode virar uma pedra de gelo. Ele está apanhando há um ano e pouco, esse tema é recorrente e essa carga de emoção ia aparecer quando as perguntas fossem feitas¿, desabafou. Para o baiano a expectativa era de que Alckmin pudesse vir com mais projetos políticos/administrativos. "O PSDB não é nenhuma escola de idoneidade moral à sociedade brasileira", criticou.

Agressão
Sobre o tom agressivo dado à campanha, Wagner considera que, se os tucanos insistirem nesse caminho, os petistas terão uma vantagem bem melhor no segundo turno. "Eu acho que quem vai perder são eles", afirmou. Para ele, o povo sabe que usar esse expediente para destruir alguém não dá certo. "O que as pessoas querem saber é se o governo Lula fez mais que os outros governos, e isso, fez!", declarou.

Salvador da Pátria e Diabo
Quando o assunto foi a diferença pequena de votos entre os dois candidatos nas pesquisas realizadas para o segundo turno, Jacques Wagner justificou que não há uma única causa para esse resultado. Segundo ele, especialistas em política mostram que hoje não existe mais entre a população brasileira essa visão de Salvador da Pátria e Diabo. Para ele, salvo alguns Estados, não existe mais uma diferença muito grande votos entre dois candidatos.

PDT
O PT está de olho nos votos conseguidos por Cristovam Buarque (PDT). Para Wagner, o eleitorado de esquerda tem mais a ver com o projeto de Lula. Ele adiantou que ainda hoje a direção do PDT deve ser procurada para conversar e que ontem chegou a conversar com Buarque, mas não deu detalhes da conversa.

Investigações
Wagner destacou que o Brasil não tem mais um "Engavetador Geral da República¿. Ele comparou os casos do mensalão com o caso da emenda da reeleição de Fernando Henrique Cardoso. "Da mesma forma que no caso do mensalão se atribui ao PT o financiamento de campanha, compra de votos em função de votações na Câmara, na época da reeleição, houve circulação de dinheiro que eram endereçadas a ganhar votos para a reeleição. Então ele (Alckmin) mostrou que dois casos semelhante não podem ser tomados como conclusivos. Se querem tomar como conclusivo o mensalão, então também poderíamos concluir que o Fernando Henrique comprou. Se há compra de votos ela começou na reeleição¿, atacou.

Avião
Sobre as críticas de Alckmin relativas à compra do ¿Aerolula¿ Jacques Wagner demonstrou indignação. Ele disse que acha difícil que alguém ache sério o que foi dito sobre o gasto com o avião presidencial. ¿Isso é uma pessoa que tem uma visão pequena sobre questões de Estado. É uma pegadinha de debate. Isso não é sério¿, disparou. Para ele o PSDB não tem argumentos no campo da gestão.

Rodoanel
Wagner também aproveitou o encontro com os jornalistas para dizer que o governo federal não investiu nenhum centavo no Rodoanel em São Paulo, porque foi proibido pelo TCU.

 

 

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