14 de setembro de 2006 - 16:49

MP pede segredo de Justiça sobre morte de coronel

O promotor Luiz Fernando Vaggione deu nesta quinta-feira parecer favorável ao pedido de quebra de sigilo telefônico do coronel Ubiratan Guimarães, de sua namorada, a advogada Carla Cepollina, e de outras seis pessoas. Ele também solicitou que o inquérito corra em segredo de Justiça, ou seja, se o pedido for aceito não será possível obter informações sobre o andamento do inquérito. Vaggione levará o parecer do Ministério Público Estadual ao juiz Richard Chequini, do 1º Tribunal do Júri, que decidirá sobre as duas questões.

O promotor espera que o juiz dê sua decisão ainda nesta quinta, já que as informações podem contribuir nas investigações sobre a morte do coronel. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, o juiz participa de uma videoconferência nesta tarde e está hoje com agenda lotada. Mesmo que o pedido chegue até o tribunal hoje, não haverá tempo hábil para análise.

Ubiratan liderou a operação militar na Casa de Detenção do Carandiru, em outubro de 1992, que resultou na morte de 111 prisioneiros. Segundo a secretaria, ainda não há pistas sobre o crime.

Ubiratan foi levado a júri popular em 2001 pelo Massacre do Carandiru e condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos 111 presos. Mas em fevereiro deste ano, a sentença original da juíza Maria Cristina Cotrofe foi revertida. O Tribunal de Justiça de São Paulo absolveu Ubiratan Guimarães, por 20 votos a dois. Embora considerasse válido o julgamento de 2001, a maioria dos desembargadores acatou argumentos apresentados pela defensoria e inocentou o coronel. A absolvição causou reações de indignação de entidades de direitos humanos no Brasil e no exterior, como a Anistia Internacional.

Naquele mesmo mês, a Anistia Internacional lançou relatório no qual destacava a impunidade no caso do Carandiru. Nenhum dos responsáveis pelas 111 mortes tinha sido preso e nenhuma família das vítimas fora indenizada, informava o documento. Os 119 policiais acusados de participarem do massacre ainda não foram a julgamento.

O coronel reformado Ubiratan Guimarães exerceu mandado como suplente de deputado estadual em 1997, foi reeleito em 2002 e concorria a um novo mandato nas eleições deste ano.