29 de agosto de 2006 - 16:15

Programa de governo de Lula critica FHC e esconde sigla PT

O programa de governo do presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva confirma o que alguns especialistas já haviam notado com relação aos programas do horário eleitoral gratuito: a estética "em vermelho" característica da campanha anterior foi substituída pela ênfase nas cores da bandeira nacional e pelo uso bastante discreto da sigla do PT, legenda que o candidato presidiu por duas décadas.

Quem procurar a sigla do Partido dos Trabalhadores no programa "Lula Presidente - Programa de Governo 2007/2010", lançado hoje, vai achar duas menções em suas pouco mais de 30 páginas: uma no início do texto, e outra na contracapa, na estrela vermelha que acompanha o nome do presidente.

O presidente procurou rebater as críticas de que estaria "ocultando" a sigla em seus programas, ao afirmar ontem que "ninguém é mais vermelho" do que ele mesmo, durante encontro com intelectuais, em São Paulo.

FHC

O programa do presidente também dedica várias páginas para a crítica do governo anterior e do PSDB em geral. "O Governo Lula recebeu uma dupla herança negativa", afirma a coordenação de campanha, no interior do texto. Segundo o comitê de campanha, em 2002, "o país sofria os efeitos das políticas implementadas pela coligação PSDB-PFL, que frearam o crescimento".

Os tucanos voltam a ser criticados quando o programa de governo toca no assunto ética na política. "Como podem falar em 'ética' os autores da privataria que entregou grande parte das empresas estatais em processos por graves denúncias de irregularidades?"

O adversário de Lula, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, também não é poupado, quando se questiona no programa a "autoridade" da oposição, que teria "engavetado" "dezenas de CPIs" na "Câmara, no Senado e Assembléia de Legislativa de São Paulo".

O "escândalo do mensalão" não é mencionado no texto. Uma possível menção à crise de 2005 pode ser lida em apenas um parágrafo: "grupos que há séculos dominam esse país --e [que] controlaram até bem pouco tempo-- desencadearam ofensiva sem precedentes para preservar privilégios e voltar às posições perdidas".

Mais desenvolvimento

Após considerar que o país havia ultrapassado "quase três décadas perdidas", o comitê de campanha afirma que o "Governo Lula" fez o Brasil ingressar em "uma etapa de desenvolvimento sustentável", que caberá ao segundo mandato "avançar mais aceleradamente no rumo desse novo ciclo de desenvolvimento".

Aumentar a intensidade do nível de crescimento tem sido a tônica dos discursos e intervenções do presidente nos últimos dias, quando menciona seus planos para um eventual segundo mandato.

Ontem, o coordenador do programa de governo, Marco Aurélio Garcia, não afirmou que o governo vai acelerar o ritmo de queda dos juros. O presidente, no entanto, sinalizou que quer aumentar o nível de investimentos na economia brasileira.
 
 
Folha Online