Displicência, falta de dinheiro e tempo. Estes são os principais argumentos dos quase 131 mil condutores que estão com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) vencida em Mato Grosso do Sul. O número representa nada menos do que 20% do índice total de condutores registrados. No primeiro semestre deste ano houve um crescimento de 5,2% da inadimplência entre os homens e 7% entre as mulheres.

A multa para quem for pego dirigindo com a carteira vencida há mais de trinta dias é gravíssima e custa R$ 191,54 para o condutor, que ainda perde sete pontos na carteira. Mesmo com os riscos muitos desafiam a fiscalização da polícia de trânsito e andam irregularmente.

Bom exemplo – Não é o caso de Gilnei Saggioratto. Ele está com a carteira vencida há quase dois meses e prefere não arriscar. “Quando preciso sair com o carro peço para meus amigos dirigirem”, explica. Ele está juntando dinheiro para renovar a carteira provisória. O serviço custa em média R$ 110 nos Centros de Formação de Condutores de Campo Grande. A renovação da CNH definitiva custa em média R$ 160. 

Além de pagar a taxa estabelecida nas auto-escolas, o condutor deve fazer um exame de vista no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Para as pessoas que ainda possuem a carteira antiga (que não apresenta a foto do motorista), é obrigatório ainda a freqüência em aulas de primeiros socorros e direção defensiva.

Procura - Segundo uma funcionária de um Centro de Formação de Condutores da Capital, mesmo com o elevado número de carteiras vencidas, é grande o volume de pessoas que procuram a regulamentação. “Hoje mesmo atendi várias pessoas, entre elas, uma, que estava com a CNH vencida desde 1995”, comenta. Ela argumenta que muitos só procuram acertar a situação quando precisam arrumar algum emprego ou resolver algum problema judicial.

Conforme a tenente Tatiane Almeida da Companhia Independente de Policiamento de Trânsito da Capital, é comum encontrar condutores com a documentação vencida durante as fiscalizações. Segundo ela, muitos andam irregularmente por displicência. “Só se dão conta que a CNH está vencida quando são abordados. Outros fatores comuns são a falta de dinheiro e tempo”, explica.