17 de agosto de 2006 - 08:30

Índios bolivianos ameaçam gasoduto da Petrobras

Um grupo de cerca de 100 índios guaranis sitiou há dois dias uma estação do gasoduto da companhia Transierra, no leste da Bolívia, e deu prazo até esta quinta-feira para que a empresa atenda ao seu pedido de compensação. Eles ameaçam invadir a estação e fechar as válvulas do gasoduto.

A Transierra é uma sociedade formada pela Petrobras, pela hispano-argentina Repsol YPF e pela francesa Totalfinaelf. A Petrobras possui participação de 44,5%. A sociedade administra o gasoduto Yacuiba-Rio Grande, de 432 quilômetros de extensão e capacidade de transportar de 11 milhões de metros cúbicos por dia.

A Estação Operacional de Parapetí, localizada no município de Charagua, no Departamento de Santa Cruz, foi sitiada por integrantes de comunidades filiadas à APG (Assembléia do Povo Guarani), confirmou um boletim da companhia.

O presidente da APG, Wilson Changaray, disse à Efe que a empresa não cumpriu o compromisso, assinado no ano passado, de executar um Plano de Desenvolvimento Indígena pelos próximos 20 anos.

Ele afirmou que a administração do projeto deveria ser compartilhada, mas disse que, como a Transierra "não fez a sua parte", os guaranis querem o depósito dos recursos numa conta bancária.

Segundo a Transierra, sua participação no plano de desenvolvimento chega a US$ 9 milhões nos 20 anos previstos no acordo. "A empresa cumpriu, cumpre e cumprirá os compromissos assumidos com todas as comunidades localizadas na área de influência" do gasoduto, disse em comunicado.

"Se não houver soluções, tomaremos outras medidas", avisou o líder guarani. Ele sugeriu a possibilidade de invadir a estação de Parapetí e fechar as válvulas do gasoduto, bloqueando a ligação com o norte da Argentina.

O comunicado da empresa afirma que, apesar da presença dos índios, as operações continuam normalmente.

A Transierra afirma que pagou pelo uso das terras ao longo dos 432 quilômetros do oleoduto, tanto a proprietários privados quanto aos habitantes das terras comunitárias de origem.

O acordo com a APG prevê "a implementação de programas e projetos, mediante administração conjunta, com uma contribuição anual média de US$ 450 mil", segundo a empresa, que argumenta que os valores "serão depositados com o tempo, de acordo com o desenvolvimento da operação" do gasoduto.
 
 
Folha Online