11 de agosto de 2006 - 13:27

José Dirceu confirma que foi demitido por Lula

O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu confirmou nesta sexta-feira em seu blog que foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista no Jornal Nacional, Lula disse pela primeira vez que foi ele quem afastou Dirceu e o ex-ministro Antonio Palocci.

"No presidencialismo quem decide é o presidente da República, e a decisão do presidente foi pelo afastamento. Foi o que fiz, pedi afastamento, até porque sempre coloquei os interesses do Brasil e do governo acima do meu cargo. Ponto final", escreveu.

Segundo ele, o presidente o convocou com o ex-deputado José Genoino e discutiram a situação até chegar à conclusão de que o caminho era o seu afastamento do governo.

Dirceu disse que já havia dito que fora demitido em entrevista no começo do ano à revista Fórum. "Afirmei textualmente: saí porque pedi para sair, me dei conta de que o presidente queria que eu saísse" e "eu não era presidente, era ministro, tanto é que ele me demitiu quando precisou"."

De acordo com Dirceu, Lula "decidiu por um caminho para enfrentar a crise, evitando o confronto com as forças que apostaram na calúnia, na conspiração e no golpismo".

"Minha opção era por mobilizar a militância e os movimentos sociais contra os ataques das elites conservadoras. Mas essa divergência não me impede de reconhecer que o presidente Lula saiu da crise mais forte, com o reconhecimento da maioria da sociedade pelo governo progressista que comanda", completou.

"Um presidente muito tenso"
Sobre a entrevista, Dirceu achou que a primeira imagem que ficou é de "um presidente muito tenso". "Trocou várias palavras, ética por corrupção, milhares por milhões e salário por inflação - este último equívoco corrigiu a tempo, até porque ele é o presidente do emprego e do aumento dos salários, com controle da inflação e queda dos juros nominais (ainda que o real ainda seja o maior do mundo)", observou.

Dirceu criticou, no entanto, a opção dos entrevistadores de chamar Lula de "candidato" e não de "presidente". "A Rede Globo e o Jornal Nacional,podiam ter-nos poupado do vexame de chamar o presidente da República de 'candidato'. Além de um desrespeito à instituição republicana e simples má educação, Lula é presidente, a Constituição permite que se candidate à reeleição e permaneça no cargo. Logo, é nosso chefe de Estado e de governo", disse.

 

Ivinhema News