7 de agosto de 2006 - 13:00

Enchentes na Etiópia deixam quase 200 mortos

Quase 200 pessoas estão mortas e centenas desaparecidas depois de enchentes terem atingido uma cidade do leste da Etiópia no final de semana, afirmou a polícia na segunda-feira.

O rio Dechatu inundou a cidade de Dire Dawa no sábado à noite, afogando e deixando presas várias pessoas que dormiam. O número de mortes vem subindo à medida que a polícia realiza operações de recuperação dos corpos.

"Estão mortas 199 pessoas, e temos outras 300 desaparecidas. Os números baseiam-se em relatos de parentes e de nossas autoridades", disse à Reuters o inspetor de polícia Benyam Fikru.

As operações foram suspensas durante a noite na cidade, localizada nas planícies do leste da Etiópia, a 525 quilômetros a leste da capital do país, Adis-Abeba. As buscas deveriam ser retomadas na segunda-feira.

As fortes chuvas nas áreas de montanha da Etiópia durante a temporada de junho a agosto costumam fazer com que os rios das planícies transbordem. Milhares foram tirados de suas casas nas chuvas deste ano, e a cheia mais recente em Dire Dawa destruiu ao menos 220 casas.

Na semana passada, o governo afirmou ter resgatado cerca de 15 mil agricultores de vilarejos das planícies, levando-os para áreas seguras.

Nas ruas, podia-se ouvir o choro de muitas pessoas que procuravam pelos desaparecidos ou escavavam os destroços em busca de seus entes queridos. A moradora Zeimeda Mohamed Hussein, de 35 anos, afirmou que as águas a acordaram no sábado à noite, mas não teve tempo de salvar sua mãe e seu filho.

"Quando acordei, vi minha casa cercada pela água. Tentei segurar meu filho e minha mãe idosa para levá-los a um lugar seguro, mas já era tarde demais. Eles tinham sido levados pela água", afirmou a mulher à Reuters. Os corpos dos dois já foram achados.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, visitou a área atingida, prometendo ajudar as vítimas das enchentes.

"Vamos prover ajuda emergencial na forma de alimentos e de assistência. E vamos garantir que as pessoas consigam uma nova casa o quanto antes", afirmou.

A Comissão de Prevenção e Prontidão para Desastres, um órgão do governo da Etiópia, fez um apelo por doações.

Alguns moradores culparam as autoridades locais pelo desastre e disseram que o número de mortos poderia ser duas vezes o divulgado oficialmente.

"Há muitas pessoas que ainda estão soterradas debaixo da areia", afirmou Mohamed Nur Ahmed, de 40 anos. "O número de mortos está errado. Ele pode ser o dobro disso."

 

Reuters