O Plano Safra deste ano aumentou o volume de recursos oficiais disponíveis ao produtor rural, mas tudo indica que deve sobrar dinheiro no banco. Pelo menos em Dourados, o Sindicato Rural estima que 50% dos agricultores não terão acesso ao dinheiro do custeio da soja por causa do grau de endividamento do setor.

"Grande parte dos produtores rurais está com o limite de crédito no banco comprometido, devido aos sucessivos problemas com as safras anteriores. Há casos em que o produtor está na terceira prorrogação de dívidas, portanto, não tem mais condições de conseguir recursos novos para o próximo plantio", disse o diretor do Sindicato Rural, José Tarso.

Este ano, o limite de custeio para soja aumentou de R$ 200 mil para R$ 300 mil. Para o arroz e o milho, o teto foi mantido em R$ 400 mil. Apesar da disponibilidade de recursos, o produtor rural, José Ferreira da Silva, que planta 250 hectares na região da Picadinha, não terá acesso aos recursos do governo. "Vou negociar direto com as empresas de insumos e cooperativas, mesmo que isso signifique um aumento no custo de produção", disse o agricultor.

O banco responsável pela liberação de recursos em Dourados e região tem uma carteira com 800 produtores rurais. Cerca de 70 já conseguiram assinar o contrato de custeio da próxima safra porque se livraram das dívidas anteriores a tempo. "Para os agricultores que prorrogaram as dívidas será feita uma avaliação caso a caso sobre o limite de crédito e o dinheiro do custeio deverá ser liberado ainda este mês", prevê o gerente José Gonçalves Neto.

Área – Diante da dificuldade em obter os recursos oficiais com juros de 8,75% ao ano, os técnicos já avaliam a possibilidade de uma redução de até 15% da área de plantio na região de Dourados. "Alguns produtores serão obrigados a se adequar a atual realidade. Estimamos que a área cultivada na próxima safra não ultrapasse os 140 mil hectares", disse o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos da Grande Dourados (Aeagran), Ângelo Ximenes.