24 de julho de 2006 - 15:06

PT e PSDB trocam críticas sobre política energética

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou nesta segunda-feira que, se o PSDB assumir o governo, o País corre o risco de sofrer um novo apagão de energia. "Tenho medo se entrarem neófitos no governo, que não conhecem o modelo, podemos jogar por água abaixo todo o trabalho. E parece que o PSDB não tem plano nenhum de energia, estão perdidos. A gente pode viver o apagão de 2000", disse Tolmasquim, que participou do 3º Energy Summit, como representante do comitê de energia da EPE.

O representante do PSDB, o professor da Universidade de Brasília Ivan Camargo, afirmou que o modelo do atual governo pode provocar uma escassez de energia entre 2008 e 2009, e rebateu as declarações de Tolmasquim. "As pessoas que fazem parte do comitê do PSDB não são aventureiras e são pessoas da melhor qualidade. É ridículo falar em neófitos em debates como esse, essa acusação é um grande absurdo", afirmou Camargo a jornalistas.

Ele declarou que o projeto do PSDB para o setor de energia deve ser concluído somente em agosto. O programa está sendo elaborado pelo presidente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Elói Fernández, pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adriano Pires e por outros acadêmicos. Camargo disse que, se o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin for eleito, não haverá rupturas com o atual modelo, mas sim "aperfeiçoamentos".

"A modicidade tarifária tem que ser dada pelo mercado e não induzida pelo governo. Além disso, as empresas do governo não serão mais privilegiadas em detrimento das empresas privadas", disse Camargo, acusando as estatais de entrarem em leilões de energia cobrando taxas de retorno abaixo da média do mercado.

O representante da EPE descartou o risco de um novo apagão até 2010.

"Eu repudio o uso eleitoral para se dar informações descabidas como essa. Até 2010, a situação é de total tranquilidade", declarou Tolmasquim, argumentando que estudos da EPE apontam que o risco de um racionamento está abaixo do limite. Tolmasquim fez ainda duras críticas ao modelo elétrico do governo Fernando Henrique Cardoso.

"Era um modelo maluco, que pagava ágio de 3 mil por cento para energia contratada nos leilões. Era um modelo doido. Estamos tentando resolver essa herança maldita...Nós encontramos uma tragédia e não existia modelo...e ainda havia uma roubalheira", disse Tolmasquim. No entanto, ele reconheceu que, se o presidente Lula for reeleito, serão necessários aperfeiçoamentos no modelo em vigor, como a agilização da liberação das licenças ambientais e menor contingenciamento dos recursos.

"Houve uma série de modificações que mudaram a cara do setor neste governo. Mas não se iludam, há uma série de mudanças a serem implementadas".

 

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