7 de julho de 2006 - 16:54

Alckmin precisa de 35% dos votos para ir ao 2º turno

Avaliações feitas a portas fechadas levaram o comando de campanha do PSDB a fixar uma meta para o presidenciável Geraldo Alckmin. Ele precisa obter pelo menos 35% dos votos para levar a disputa com Lula para o segundo turno. O percentual equivale a cerca de 43 milhões de votos, num universo de 123 milhões de eleitores.

A equipe de marketing do comitê tucano estima que, se Alckmin chegar ao dia 15 de agosto com 25% nas pesquisas de opinião, o segundo turno será favas contadas. A data não foi escolhida ao acaso. É nesse dia que começa a propaganda eleitoral eletrônica.

Baseando-se na experiência de campanhas anteriores, os marqueteiros que prestam serviço ao tucanato concluíram que, nas próximas semanas, Alckmin precisa se segurar nas pesquisas com índices de até 25%. Avaliam que, a partir desse patamar, será fácil obter, a partir da exposição do candidato no rádio e na televisão, os dez pontos percentuais que vão assegurar o segundo turno.

Nas duas últimas pesquisas, divulgadas em 30 de junho, Alckmin obteve mais do que 25%. O Datafolha lhe atribuiu 29% das intenções de voto. O Vox Populi, 32%. Os índices foram tonificados graças à superexposição que o candidato obteve nas inserções televisivas que o PSDB levou ao ar ao longo do mês de junho.

Os especialistas consultados pelo comitê de campanha de Alckmin informaram, de novo escorados na experiência de campanhas passadas, que as taxas registradas nas últimas sondagens eleitorais podem refluir. O desafio de Alckmin é reter pelo menos 25% da preferência do eleitorado.

O candidato joga todas as suas fichas no “palanque eletrônico”. Nas viagens que realizará até meados de agosto, dará preferência às cidades que têm emissoras locais de rádio e TV, com capacidade para transmitir para além das suas fronteiras. Na última segunda-feira, reunido com a equipe que elabora o seu programa de governo, Alckmin destilou confiança. E contou um caso que ajuda a explicar porque aposta na TV.

Alckmin disse ter recebido os números do Datafolha e do Vox Populi durante uma visita ao município amazonense de Parintins. Desceu de barco o rio Paraná Limão. No meio do trajeto, resolveu visitar uma palafita. Como o calado do barco não permitia chegar até a margem, foi de canoa, na companhia de um barqueiro e do senador Arthur Virgílio.

Ele descreveu a cena. Disse ter encontrado uma habitação extremamente simples. Ao chegar, foi recebido por uma adolescente. Ela gritou: “Mãe, está aqui aquele homem que apareceu na televisão!” Convidado a entrar, Alckmin enxergou, num canto do cômodo, uma TV. Na falta de luz elétrica, o aparelho funciona conectado a uma bateria de automóvel. “Vivemos num país televisivo”, disse Alckmin. "A televisão está em toda parte, mesmo nos locais mais improváveis".

Os marqueteiros do PSDB não são os únicos a considerar o segundo turno como algo plausível. Lula e seus principais colaboradores também passaram a trabalhar com essa hipótese. Preparam-se para uma disputa longa, em dois turnos. E pretendem agregar à exposição televisiva uma seqüência manifestações de de rua em apoio à releição de Lula.

O petismo continua confiando que o favoritismo de Lula o conduzirá à reeleição. Acha que os índices atribuídos ao presidente pelo Datafolha (46%) e pelo Vox Populi (45%) indicam que seu eleitorado se solidificou. Por esse raciocínio, Alckmin teria crescido porque o adversário atraiu votos antes destinados a candidatos que se retiraram da disputa –Roberto Freire (PPS) e Enéas (Prona), por exemplo. (Blog do Josias)