6 de julho de 2006 - 17:39

Coronel da PM é preso acusado de ameaça e chantagem

 

O coronel da Polícia Militar, Júlio César Komiyama, ex-comandante do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e atual diretor de Segurança da Assembléia Legislativa, foi preso no início da tarde desta quinta-feira acusado de ameaça e chantagem, crimes que aconteceram em 2003. O coronel Komiyama foi condenado a seis meses de reclusão em regime aberto, mas vai cumprir os 30 primeiros dias em uma das celas do Comando Geral da PM, sem poder receber visita.

O crime de chantagem aconteceu em março de 2003, quando o coronel procurou o jornalista Eduardo Ribeiro de Carvalho, editor chefe do jornal Última Hora, e propôs a ele que fizessem uma parceria, em que os dois poderiam ganhar muito dinheiro.

Indagado por Carvalho sobre a atividade a ser desenvolvida, o coronel disse que poderiam chantagear empresários em denúncias e com isso ganhar muito dinheiro. Eduardo, então, sugeriu a Komyiama que fosse à sede do jornal. Na data marcada, Carvalho preparou o sistema de filmagem para gravar a conversa. Chegou primeiro no local o sócio de Komyiama, identificado como Cláudio, que explicou como seria a chantagem. Ele disse que a vítima seria Alfredo Fernandes, candidato à reeleição na FIEMS, que era tido como empresário, mas que na realidade era proprietário de uma "portinha" em Corumbá; que ele estaria "loteando cargos em sua diretoria", comprando sócios na FIEMS e teria gasto com isso cerca de R$ 380 mil e ainda, que Alfredo sonegava impostos. Em suma, esses seriam os fatos noticiados na reportagem que o jornal deveria publicar.

A conversa entre Cláudio e Eduardo durou, aproximadamente, 40 minutos, quando o coronel chegou ao local, fardado, após ter falado com Cláudio por telefone. Segundo o coronel e Cláudio, Eduardo deveria entrar em contato com a vítima, Alfredo
Fernandes, identificando-se como sendo dono do jornal Última Hora e dele exigir a quantia de, no mínimo, R$ 180 mil para que a matéria escandalosa não fosse publicada, quantia que seria dividida entre os três.

No entanto, conforme declarações prestadas, Carvalho decidiu não cumprir o que havia sido combinado. Ao entrar em contato com o empresário Alfredo Fernandes, o jornalista fez apenas algumas perguntas, não pediu dinheiro algum e publicou uma
matéria com um resumo dos fatos, em forma crítica, mas excluídos os
pontos mais polêmicos.

Já a denúncia de ameaça aconteceu dias após o fato anterior, o coronel esteve na residência de Eduardo, juntamente com seu cunhado e seu "sócio" Cláudio, a fim de conversar com o jornalista. Conforme declarações de Eduardo, o cunhado do denunciado estava armado com um revólver e o coronel Komiyama lhe fez ameaças, como “já que você não arroxou o homem, devolva os meus documentos" (...) "você me deu um prejuízo, se eu souber que ele te deu algum dinheiro, ou que você tenha pego algum dinheiro para não publicar a matéria, sou capaz de perder a cabeça com você. Você sabe que eu sou um homem correto, estou precisando de R$ 50 mil e por uma grana dessa eu perco a cabeça".

No mês seguinte, quando Carvalho estava na Assembléia Legislativa para distribuir seu jornal, encontrou com Komyiama, que é diretor de segurança na Casa, que lhe fez novas ameaças: "seu safado, tem que morrer". Devido aos fatos, hoje o juiz de direito Alexandre Antunes da Silva determinou a prisão.

 

 

TV Morena