1 de julho de 2006 - 10:23

Paraguai quer expulsar da fronteira agricultor brasileiro

A exemplo do governo da Bolívia, a Câmara de Deputados do Paraguai está investigando o cultivo ilegal de terras na faixa de fronteira por agricultores brasileiros. A investigação foi aprovada na sessão de quinta-feira a pedido do deputado colorado Héctor González e deverá estar concluída em duas semanas.

A lei paraguaia determina que a linha onde estão fixados os marcos divisórios entre os dois países não pode ser ocupada por estrangeiros. No entanto, centenas de agricultores brasileiros, a maioria oriundos de Mato Grosso do Sul e do Paraná, desprezam essa determinação.

Segundo a imprensa paraguaia, nos 100 quilômetros que separam Capitán Bado de Pedro Juan Caballero, no Estado de Canindeyú – fronteira com o Brasil na região de Mato Grosso do Sul – toda a linha de fronteira é cultivada por brasileiros. Este é apenas um dos trechos apontados e, de acordo com os deputados, toda a linha de fronteira está ocupada por agricultores brasileiros.

Por isso eles vão exigir, assim que concluírem a investigação, que os brasileiros sejam removidos da região. A ocupação da linha de fronteira não é um fato recente e ocorre há décadas, mas nos últimos meses a imprensa paraguaia tem denunciado com mais insistência a ação dos agricultores brasileiros no território do país vizinho.

As denúncias coincidiram com algumas ações do presidente da Bolívia, Evo Morales, que ordenou a expulsão dos colonos brasileiros que vivem ilegalmente naquele país e que exploram uma faixa de 50 quilômetros da linha de fronteira. A imprensa paraguaia tem também criticado com mais ênfase o tratado de Itaipu, exigindo que o presidente Nicanor Duarte Frutos o renegocie em termos mais favoráveis ao Paraguai, a exemplo do que fez Morales em relação às reservas de petróleo e gás.

A ocupação brasileira teve início há meio século e duas gerações de "brasiguaios" – como são conhecidos os brasileiros e os descendentes que moram no Paraguai – fixaram raízes profundas naquele país. Nos Estados fronteiriços com o Brasil, como Canindeyú e Alto Paraná, eles chegam a ser maioria em algumas localidades.

O Ministério Público de Salto Del Guayrá, capital de Canindeyú, deverá denunciar nos próximos dias a utilização de cerca de 30 reservas indígenas por agricultores brasileiros. Numa delas, Bajada Guazú, em La Paloma, habitada por avás-guarani, os irmãos Ricardi, agricultores tradicionais da região, são acusados de pagar o equivalente a US$ 60 mensais para arrendar os 600 hectares da reserva, na qual cultivam soja e trigo. O caso está sendo investigado pela promotora Gladys Concepción Vallejos.

 

 

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