30 de junho de 2006 - 17:30

Quebra no agronegócio também prejudica artesanato

Os comerciantes que vendem artesanato à beira da BR-163 enfrentam a pior crise da história. As vendas, antes positivas, caíram vertiginosamente.
A queda no movimento está sendo notada desde o ano passado. A expectativa era por um natal de muitos lucros. Não foi o que aconteceu. A esperança de recuperação de mercado de janeiro a junho também acabou não dando certo.
Marlise Stelter é dona de uma loja de artesanato. Há 10 anos repete a mesma rotina. Arruma as peças com cuidado e fica a espera dos clientes, que nem sempre aparecem. “A situação nunca foi tão crítica. Antes, eu conseguia vender em mercadorias o equivalente a R$ 600 por dia. Agora, o montante dificilmente ultrapassa os R$ 35. Já ouvi falar de colegas que estão pensando em fechar as portas, caso a crise não passe”, lamenta.
A rodovia BR-163 é uma das mais importantes do Estado. Liga Dourados a Campo Grande. Por dia, centenas de carros seguem viagem através dela, sem contar com os caminhões. Apesar do fluxo, poucas pessoas se arriscam a estacionar e entrar numa loja. O representante comercial, Fábio Mendes, veio a Dourados a trabalho e no retorno a capital resolveu parar e comprar uma lembrancinha. “só comprei o que o dinheiro permitiu, ou seja, bem pouco”, defende.
Para o comerciante Rubens Brignolni, esse tipo de argumento é ouvido diariamente. “Os fregueses dizem que não têm dinheiro, portanto, a nossa falta de faturamento não é culpa deles. É culpa sim da crise do agronegócio. Nossa região é baseada na agricultura e na pecuária. Se esses setores vão mal, conseqüentemente diminui a circulação de dinheiro no mercado e nossas vendas despencam”, argumenta.
Uma outra comerciante, Eulenir Albertoni, alerta que os gastos são grandes e os ganhos mínimos, “o que dificulta e muito a nossa vida. Só para se ter uma idéia, no meu caso, por exemplo, que tenho funcionários registrados e alvará de funcionamento, a situação está quase insustentável. Recebemos a informação de que isso vai ser obrigatório daqui para frente. Tenho certeza de que muitos colegas não vão conseguir continuar trabalhando”.
Enquanto falta dinheiro no mercado, peças como esculturas em madeira dos animais pantaneiros, que são referências do Estado em todo Brasil, acabam encalhadas nas prateleiras.

 

 

 

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