30 de junho de 2006 - 08:21

Alemanha e Argentina fazem hoje duelo de gigantes pela Copa

A Alemanha entra em campo nesta sexta-feira, às 11 horas (horário de Mato Grosso do Sul), em Berlim, com a obrigação de não decepcionar um país inteiro, que nunca vibrou tanto por uma equipe nacional. O adversário, pelas quartas-de-final, é a Argentina, apontada por muitos como a melhor seleção do torneio. “Desde a unificação do país, em 1990, nunca vi o povo tão feliz como agora”, analisou o técnico Jürgen Klinsmann, que já disse também que seria uma catástrofe não chegar à semifinal do torneio.

O treinador considera essencial que a equipe vá até o fim da competição e não estrague a festa dos alemães - para isso, basta vencer, no Olympiastadion. “Pode ser que para outras pessoas baste chegar às oitavas ou às quartas-de-final. Não para mim e para meus jogadores. Queremos ir mais longe”, afirmou o principal responsável pela evolução da anfitrião do Mundial: desacreditada antes do início e, agora, após quatro convincentes vitórias, apontada como uma das favoritas.

O clássico já decidiu duas Copas do Mundo e define em 2006 apenas um dos semifinalistas. O meia e capitão alemão Michael Ballack lamentou ser agora o confronto. “É uma pena que vá ser realizado tão cedo, mas estamos jogando bem e temos boas chances de vencer.” Em 1986, a Argentina, de Diego Maradona, fez 3 a 2 e ficou com o título no México, seu segundo Mundial. Quatro anos depois, a Alemanha, do então atacante Klinsmann, marcou 1 a 0 e levou sua terceira taça.

O 1 a 0 sobre os sul-americanos, há 16 anos, foi também a última vitória alemã em Copas sobre uma seleção campeã do mundo. Mas eles não gostam de falar sobre isso. “Não tem nenhuma importância para nós esse dado, não é tema de nossas conversas”, garantiu Ballack. Recuperado da lesão no pé que o tirou de dois treinos esta semana, o capitão está confiante. “Temos de ser realistas e é uma realidade que temos grandes chances de levar a melhor.” Tão otimista que acha que sua equipe não precisa fazer nada além do que já tem feito para ganhar outra vez. É contra marcação especial sobre Riquelme ou quem quer que seja. “Nós estamos jogando bem, crescendo a cada partida. Alterar algo agora não teria sentido.”

O receio de que a pressão da torcida influa no resultado é tamanho que o auxiliar técnico Joachim Low fez questão de reservar alguns momentos da manhã de hoje para conversar com cada um dos atletas, para acalmá-los. “Eles têm de estar preparados para encarar essa torcida”, justificou. “Sabemos que as pessoas estarão no estádio e também em todas as ruas torcendo por nós. Mas isso não pode entrar em campo”, acrescentou o artilheiro do time e do Mundial, com 4 gols, Miroslav Klose.

Contra tudo e todos

“Nós vamos entrar em campo para enfrentar todo um país e não apenas um time de futebol, mas estamos preparados para isso.” A frase de Saviola demonstra a maneira como os argentinos encaram a partida desta sexta-feira contra os alemães pelas quartas-de-final da Copa do Mundo.

A Argentina sabe que será visitante. Que os gritos de sua fanática torcida ("Vamos, vamos, Argentina, vamos vamos a ganar”) serão sufocados por outros falando da força alemã. E não parecem preocupados com isso. Alguns, como Tevez e Messi, chegam a dizer que preferem essa pressão, que se sentem bem assim e que isso facilita o jogo para os argentinos.

É um evidente exagero. Todos prefeririam jogar em Buenos Aires. Ou em Rosário, onde a pressão é ainda maior. Mas a Copa é na Alemanha e, mesmo como visitantes, os argentinos acreditam que podem vencer. “Para mim, há dois favoritos nesse jogo. Ninguém leva vantagem. São dois campeões do mundo”, diz o técnico Jose Pekerman.

Reprodução

Para que não seja a sua Argentina, Pekerman aposta muito na mística da camisa. Na capacidade - da qual todo argentino se vangloria - de superar as dificuldades, mostrando raça em campo. E bom futebol também. “Vejo alguns sinais das seleções campeãs do mundo de 1978 e de 1986 nesses jogadores que estão aqui agora. É uma honra representar um futebol tão vencedor como esse”, disse nesta quinta, quando se completavam 20 anos do título de 1986, conquistado com um 3 a 2 sobre a mesma Alemanha de hoje.

 

 

Agestado