29 de junho de 2006 - 15:21

Lula oficializa a adoção do padrão japonês de TV digital

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou hoje a adoção do padrão japonês de televisão digital como base para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTD-T), em uma decisão que abre espaço para possibilidades de negócios milionários no segmento.

A decisão de escolher o sistema ISDB-T japonês consta em um decreto assinado hoje por Lula em um ato que contou com a presença de cerca de 400 pessoas, entre as quais o ministro das Comunicações do Japão, Heizo Takenaka.

Fontes do setor calculam que o mercado de televisão digital no Brasil movimentará inicialmente US$ 15 bilhões somente com a venda de adaptadores e televisores e a instalação de toda a infra-estrutura necessária.

O Brasil tem atualmente cerca de 70 milhões de televisores para uma população de 186,5 milhões de habitantes. Somente no ano passado, foram vendidos cerca de 10 milhões de aparelhos de televisão.

Segundo disse Lula na cerimônia, a decisão de dar esse salto na área de televisão leva o Brasil a dar um passo em direção à "inclusão digital".

"Vencemos o ceticismo. Não cedemos às soluções fáceis e prontas, e sim, procuramos nosso caminho", disse. O SBTD-T permitirá a transmissão de imagens com alta definição ou de padrão convencional, assim como a captação do sinal por todo o tipo de terminais móveis, como telefones celulares, computadores portáteis e televisores de automóveis.

A primeira fase será o próprio desenvolvimento do sistema, que deverá agregar ao modelo japonês o resultado de pesquisas nas quais o Brasil trabalhou nos últimos três anos, com um investimento de cerca de US$ 30 milhões.

Uma vez conjugados ambos os sistemas, o modelo será inicialmente adotado nas capitais dos 27 estados brasileiros, nas quais deverá entrar em operação em até 18 meses.

O funcionamento do novo sistema em todo o território nacional deve levar cerca de sete anos. Para isso, terão de ser substituídas ao redor de cinco mil torres de transmissão. Dentro de dez anos, as empresas privadas que operam no sistema analógico terão suas concessões rescindidas.

Segundo o decreto, o acesso ao modelo digital deverá ser amplo e gratuito.

Para não interromper as transmissões analógicas atuais, cada um dos canais manterá sua freqüência e terá acesso a outra faixa para o sistema digital, que também terá um regime concessão pública.

A decisão de adotar o modelo japonês, conhecido como ISDB, foi antecedida por longas e complexas negociações nas quais também participaram a União Européia (UE) e Estados Unidos.

A UE oferecia seu padrão DVB, e os Estados Unidos, o formato ATSC, mas ambos foram descartados pelo Governo.

Segundo fontes oficiais, na decisão de adotar o padrão japonês pesaram fundamentalmente as melhores condições econômicas e a transferência de tecnologia garantida pelos japoneses.

 

 

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